ALTA DOS COMBUSTÍVEIS

Economista prevê cenário eleitoral caótico: desemprego, inflação e estagnação

Efeito cascata provocado pelo aumento nos preços da gasolina, do diesel e do gás de cozinha reflete diretamente no consumo da população mais pobre. "A situação está quase insuportável", diz Marcio Pochmann.

Alta dos combustíveis provoca efeito cascata na Economia.Créditos: Reprodução/Twitter
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O efeito cascata que será provocado pela alta da gasolina, do diesel e do gás de cozinha, que passa a valer a partir desta sexta-feira (11), vai provocar um cenário de caos durante a eleição presidencial, que deve seguir polarizada entre Jair Bolsonaro (PL) e Lula (PT).

Essa é a previsão do economista Marcio Pochmann, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que acredita que a dolarização dos preços externos, como do petróleo, vai deteriorar ainda mais a cambaleante gestão econômica conduzida por Paulo Guedes.

"O cenário eleitoral será de forte desemprego, alta da inflação e ausência de perspectiva de crescimento econômico. Um cenário muito polarizado, do ponto de vista político eleitoral, e de um governo que, após 4 anos, entregará um país muito pior do que recebeu de [Michel] Temer, de uma economia que já não se encontrava num plano adequado", disse Pochmann à Fórum.

O economista explica que uma economia sem dinamismo e com inflação é um quadro muito problemático.

"A situação está quase insuportável. A perspectiva faz com que seja ainda mais difícil em termos de recuperação de emprego e de nível de renda", relata.

Para ele, o petróleo é um preço administrado como outros, que poderia ser perfeitamente adequado internamente considerando um país fortemente dependente de sua matriz de transporte no combustível vinculado ao petróleo.

"Isso elevará o nível de preços internos ainda num patamar mais alto, fazendo com que o custo da vida, especialmente para os segmentos de menor renda, fique mais difícil".

A internacionalização das oscilações do preço do barriso de petróleo - que explodiu com a guerra na Ucrânia - desencadeia um ciclo vicioso que resulta em uma escalada de preços sem precedentes em todos os produtos, principalmente nos alimentos.

"A inflação alta corrói o poder aquisitivo de forma generalizada e faz com que o Banco Central, que vinha já numa política de aceleração da taxa de juros deve seguir de forma ainda mais rápida o aumento dos juros para tentar conter a inflação", afirma o professor.