Fernando Haddad, ministro da Fazenda do governo do presidente eleito Lula (PT), deve colocar em prática uma proposta que defende a criação de uma moeda única para os países da América do Sul.
Em artigo publicado no dia 1 de abril de 2022, na Folha de S.Paulo, e assinado por Haddad e pelo economista Gabriel Galípolo, ambos afirmam que a iniciativa pode acelerar a integração regional e, com isso, fortalecer a soberania monetária dos países do continente.
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Galípolo foi convidado e aceitou o cargo de secretário-executivo do Ministério da Fazenda, número 2 da pasta. Ex-presidente do banco Fator, o economista é próximo de Haddad e, também, de Lula. Inclusive, já participou, junto com o ministro, de reunião com Paulo Guedes, nesta terça-feira (13).
No artigo, Haddad e Galípolo destacam a supremacia das moedas dos Estado Unidos e Europa, que, inclusive, impuseram sanções severas contra a Rússia, devido à guerra na Ucrânia.
“Durante os anos 1990, sucessivas crises globais levaram diversos países latino-americanos a recorrer ao FMI (Fundo Monetário Internacional) para poder honrar seus pagamentos em moedas internacionais. O apoio do FMI era usualmente condicionado à adesão ao receituário econômico ‘sugerido’", relembram, em outro trecho do artigo.
Haddad e Galípolo defendem um projeto de integração que fortaleça a América do Sul, aumente o comércio e o investimento combinado, o que seria capaz de fortalecer um bloco econômico “com maior relevância na economia global e conferir maior liberdade ao desejo democrático, à definição do destino econômico dos participantes do bloco e à ampliação da soberania monetária”.
Ambos reconhecem que a situação não é simples, em função das diferenças estruturais e macroeconômicas dos países da região. Porém, “a experiência monetária brasileira, como o êxito na operacionalização da URV (Unidade Real de Valor), pode subsidiar um paradigma à criação de uma nova moeda digital sul-americana (SUR), capaz de fortalecer a região”.
Moeda seria emitida por um Banco Central Sul-Americano
Segundo a proposta, a moeda seria emitida por um Banco Central Sul-Americano, com capitalização inicial feita pelos países-membros, proporcionalmente às suas participações no comércio regional. “A nova moeda poderia ser utilizada tanto para fluxos comerciais quanto financeiros entre países da região”.
“A criação de uma moeda sul-americana é a estratégia para acelerar o processo de integração regional, constituindo um poderoso instrumento de coordenação política e econômica para os povos sul-americanos. É um passo fundamental rumo ao fortalecimento da soberania e da governança regional, que certamente se mostrará decisivo em um novo mundo”, finaliza o artigo.