NOME AOS BOIS

Quem são os 10 maiores pecuaristas do Brasil e o que isso tem a ver com a Amazônia e o seu churrasco

Reportagem exclusiva do Repórter Brasil, realizada por Marina Rossi, mostra como este segmento brasileiro leva a trabalho escravo, desmatamento e incentivo da ditadura.

Desmatamento: 43% da pecuária brasileira é realizada na Amazônia.Créditos: Divulgação
Escrito en ECONOMIA el

Reportagem de Marina Rossi, no site Repórter Brasil, revela nomes dos 10 maiores pecuaristas - ou grupos agropecuários - do Brasil e como a criação intensiva de gado está intimamente ligada ao desmatamento da Amazônia e ao trabalho escravo no país.

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O levantamento minucioso, feito com base em dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), além documentos de transporte animal, número estimado de cabeças de gado e entrevistas com consultores do setor, mostra que 9 dos 10 megapecuaristas têm ao menos 1 fazenda na Amazônia, onde é criado 43% do rebanho do país - em uma clara relação entre desmatamento e efeitos climáticos.

Além da devastação da floresta, que influencia no aquecimento global, a criação de gado se concentra em municípios que lideram emissões de C02, que causa o efeito estufa, além da liberação de gás metano - outro gás que influencia a mudança climática - pela flatulência dos animais.

Apenas um dos dez nomes da lista - a Fazenda Nova Piratininga - não tem infração ambiental ou trabalhista. No total, os megapecuristas devem R$ 640 milhões em multas ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e têm uma área de 1,4 mil quilômetros quadrados, que corresponde à cidade de São Paulo, em terras embargadas. 

Dos 10 megapecuaristas, 5 já foram denunciados por trabalho escravo. Parte deles migrou do Sul e Sudeste e recebeu as terras - hoje gerenciada por descendentes - do programa de expansão sobre a Amazônia promovido pela Ditadura Militar.

São esses megapecuaristas que fornecem grande parte das carnes servidas nos churrascos aos finais de semana em todo o Brasil. Veja abaixo a lista e leia todos os detalhes na reportagem de Marina Rossi no Repórter Brasil.

  1. Daniel Dantas, do Grupo Opportunity, dono da AgroSB (ex-Santa Bárbara Xinguara) - R$ 372 milhões em multas ambientais.
  2. Família Vilela de Queiroz, da VDQ Holdings - criação de gado em 4 estados da Amazônia legal.
  3. Família Maggi Scheffer, do grupo Bom Futuro - 41 empregados resgatados em condições degradantes de trabalho.
  4. Família Quagliato - 85 trabalhadores resgatados de trabalho escravo.
  5. Ronaldo Rodrigues da Cunha, da Agropecuária Rodrigues da Cunha - Autuado por desmatamento, filho doou R$ 151 mil à campanha de Bolsonaro.
  6. Edio Nogueira, Agropecuária Rio de Areia - R$ 75,9 milhões em multas ambientais.
  7. Marcos Molina, Agropecuária Jacarezinho e Fazenda São Marcelo - 100 mil cabeças de gado.
  8. Claudionor Kehrnvald - R$ 19,5 milhões em multas ambientais.
  9. Família Soares Penido, fazenda tem quase 100 mil hectares.
  10. Fazenda Nova Piratininga - comprada pelos empresários da indústria farmacêutica João Alves de Queiroz Filho (Hypera Pharma), Marcelo Henrique Limírio Gonçalves (ex-dono da Neo Química) e Igor Nogueira Alves de Melo (membro do conselho de administração da farmacêutica Teuto, controlada pela Pfizer).