A economista Juliane Furno (Unicamp) usou as redes para comentar uma metáfora utilizada pelo ex-presidente Lula onde ele faz uma comparação entre a economia doméstica e a macroeconomia.
Em um tuite, escreveu Lula: "Eu aprendi economia com a Dona Lindu. Ela era analfabeta, mas sabia contar dinheiro. Os 8 filhos entregavam seus salários para ela. Aprendi com ela que a gente só deve gastar o que a gente ganha. Bem diferente do Guedes: ele quer só vender a Petrobras, a Eletrobras, os Correios".
Para Juliane Furno, a comparação entre o orçamento doméstico e a economia nacional "é um grande equívoco macroeconômico e sustenta as premissas de austeridade fiscal. Lula foi equivocado na comparação, mas seu governo não pode ser associado nem com asuteridade nem gastança".
Em seguida, Furno explica que "nos governos Lula os gastos públicos cresceram continuamente. Ao mesmo tempo em que houve a ampliação de políticas focalizadas houve aumento do investimento em serviços públicos universais".
Posteriormente, a economista faz referência ao Programa de Aceleramento ao Crescimento (PAC).
Após explicar os investimentos do PAC, Furno refuta a crítica liberal ortodoxa da "gastança" como causa da crise brasileira, "especialmente no governo Dilma".
"No entanto, a crítica liberal ortodoxa da 'gastança' como causa da crise brasileira, especialmente no governo Dilma, também não se sustenta. Mesmo ampliando os gastos públicos, anualmente, as receitas eram superiores as despesas, acumulando inclusive reservas internacionais", explica Furno.
Além disso, Furno sustenta que "se o cenário externo foi importante para contornar as crises externas, o elemento mais importante para a sustentação do crescimento foi o mercado interno e entre 2006 e 2010 a taxa de investimento foi superior ao crescimento do PIB".
Por fim, a economista afirma que "isso tudo sinaliza o problema da pró ciclicidade da política fiscal brasileira, que expande os gastos em tempos de alta arrecadação e, erroneamente, contrai gastos em tempos de queda da arrecadação. Gastar menos do que arrecada em momentos de crise é um tiro no pé".