A ex-presidenta Dilma Rousseff participou nesta segunda-feira (22) do lançamento do livro “China: socialismo no século XXI”, da editora Boitempo, de Elias Jabbour e Alberto Gabriele. Durante a discussão, Rousseff destacou a importância da obra para o Brasil e para todos aqueles que "querem um outro caminho, um caminho de transformação”.
Além disso, Dilma Rousseff destacou que "o livro mostra o caminho alternativo traçado e seguido pela China ao contrário do consenso de Washington (conjuntos de políticas capitalistas/coloniais publicadas em 1989). Principalmente, eu enfatizo aqui o papel, que neste processo teve ação consciente dos homens e das mulheres por meio do Partido Comunista Chinês que é a relação política que existe dentro dessa formação social com a construção do novo Estado dentro da China”.
Para Dilma Russeff, a China será a próxima potência, fato que deve se dar na década de 30 deste século.
“Não se pode deixar de admirar um país que sai do feudalismo, do colonialismo, do mais brutal controle colonialista para se tornar a segunda economia do mundo e a primeira em termos de paridade de poder de compra e tudo indica que na próxima década (20/30) nós poderemos ver a China se tornar a maior economia do mundo”, analisa.
China: luz para o Ocidente em decadência
Outra questão sobre o simbolismo político do país asiático apontado pela ex-presidenta é que “a China representa uma luz nessa situação de absoluta decadência e escuridão atravessadas pelas sociedades ocidentais”.
A presidenta também destacou o fato de o governo da China, nas últimas décadas, ter tirado 600 milhões de pessoas da miséria e falou sobre semelhante político durante os governos do PT.
Com o fim da União Soviética e a queda do Muro de Berlim, muitos acreditavam que as teses socialistas tinham caído juntamente. Porém, diz Rousseff, “a queda da União Soviética não levou o socialismo ao marco zero na sua capacidade de se reinventar e de tentar formas que sejam sustentáveis de transformação. A China não é um desdobramento dentro do capitalismo, ela é uma nova formação econômica e social”.
Soberania e política monetária
A presidenta destaca, entre vários pontos, a soberania monetária "do Estado chinês de controlar a política monetária para além dos interesses financeiros visando uma situação Estado".
“A China não permite a ocorrência de uma crise tipo Lehman Brothers (crise de 2008), provocada pela financeirização que é o fato de que, na vigência da lei do Valor, a forma prioritária de riqueza é a forma monetária fictícia de títulos e de moedas. E, portanto, como o controle disso é uma das maiores contradições do capitalismo”, critica Rousseff sobre o modelo capitalista de controle da política monetária.
Sobre o livro
Recém-lançado pela editora Boitempo, o livro China: o socialismo do século XXI “é um meticuloso trabalho teórico e estatístico de Elias Jabbour e Alberto Gabriele”.
Segundo resenha divulgada pela editora, “a obra analisa a República Popular da China, gigante que se tornou, nas últimas duas décadas, a locomotiva do sistema econômico mundial. Afinal, o que é o socialismo chinês? É possível afirmar que difere do capitalismo tal qual o conhecemos até aqui, embora ainda seja prematuro defini-lo como alternativa consolidada”.