Crise no churrasco: Brasil tem o menor consumo de carne vermelha em 26 anos

Levantamento feito pela Conab aponta que isso se deve a alta constante do preço do alimento nos últimos meses

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De acordo com dados da série histórica produzida pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e divulgada nesta quarta-feira (6) o consumo de carne vermelha diminuirá 14% neste ano, se comparado com 2019, antes da pandemia.

Segundo a instituição, é o menor nível registrado para o consumo de carne bovina no Brasil em 26 anos, com o início da série histórica em 1996.

A carne vermelha, alimento essencial para a realização do churrasco e muito presente na dieta brasileira, acumula alta de 30,7% em 12 meses, de acordo com os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A alta do preço da carne bovina tem obrigado os brasileiros a buscarem substitutos menos nutricionais, tais como pé, pescoço e miolos de galinha.

Cardápio da miséria: carcaça de frango, pelanca, osso, pé de galinha e miojo

Quem entrava em açougues ou supermercados, desde a década de 80, via um cartaz que dizia “temos osso e pelanca para cachorro”. Por mais que a venda desse tipo de “resíduo” de carne bovina sempre estivesse ali, para ser dado ou vendido a preços irrisórios, uma nova prática, bem atual, vem assustando os cidadãos nos últimos tempos: a venda de produtos que seriam praticamente destinados ao lixo, vistos como resto, para a alimentação humana.

O buraco econômico e social cavado por Jair Bolsonaro para enterrar o povo brasileiro fez proliferar por todo território nacional os anúncios que oferecem ossos, carcaças de frango, pés de galinha e pelanca para “reforçar” a dieta de seres humanos que viram seus empregos, renda e dignidade serem implodidos.

No Rio de Janeiro e em Cuiabá, filas imensas se formam para receber como esmola os vergonhosos ossos. Mesma sorte não tiveram os catarinenses, que precisam pagar R$ 4 no quilo do “produto”. Em Niterói, “sambiquira”, ou “dorso”, eufemismos para a carcaça que sobra dos frangos, vêm sendo vendidos por R$ 8,69.

Inflação: Com renda menor, as famílias estão pagando mais caro pelos mesmos produtos, diz economista

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta quinta-feira o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é considerado a inflação oficial do país e ficou em 0,87% em agosto, sendo a maior taxa para o mês desde 2000, apesar de levemente abaixo dos 0,96% registrados em julho.

No ano, o IPCA acumula alta de 5,67% e, nos últimos 12 meses, de 9,68%, acima dos 8,99% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em agosto de 2020, a variação mensal foi de 0,24%.

A economista Juliane Furno explica que “o que pressionou o IPCA e faz a inflação agregada dos últimos 12 meses praticamente chegar aos dois dígitos, foi o preço da gasolina, do etanol, do gás de cozinha, da energia elétrica e da carne. Fora a carne, esses são preços administrados, sofrem influência da desvalorização cambial, mas, sobretudo, responde a critérios políticos, especialmente no caso da Petrobrás que deliberadamente adota uma política sem precedentes para um país produtor e refinador de petróleo em moeda nacional”.