O Brasil se despediu neste domingo (3) de José Gregori, um dos grandes lutadores pelos direitos humanos no país. Aos 92 anos de idade, o advogado e jurista estava internado com pneumonia no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, quando veio a falecer. Ele deixa três filhas, quatro netos e duas bisnetas.
Nascido em São Paulo, em 1930, e filho de imigrantes italianos, casou-se com Maria Helena Gregori, falecida em 2015, com quem teve três filhas. Formou-se em direito na Faculdade do Largo Francisco (USP) e atuou como jurista e advogado, além de ter tido uma importante vida pública. No ano de 2011, foi empossado na Academia Paulista de Letras (APL).
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"Meu pai foi uma pessoa pública que defendeu a democracia até o fim. Sempre defendeu a dignidade da pessoa humana, lutando por um Brasil democrático, justo e solidário," disse Maria Estela Gregori, uma das filhas, à Folha.
O velório ocorre na próxima segunda-feira (4), a partir das 8h, na Funeral Home, no bairro da Bela Vista, em São Paulo.
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Quem foi José Gregori
Filiado ao PSDB, durante o Governo FHC (1995-2002), José Gregori foi Secretário Nacional dos Direitos Humanos (1997-2000) e Ministro da Justiça (2000-2001).
Fundador e membro da Comissão Arns, criada em 2019 para monitorar violações de direitos humanos, foi uma das figuras mais celebradas no ato que lançou “Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito”, da Faculdade de Direito da USP, durante a última campanha eleitoral.
“Com enorme tristeza, a Comissão Arns lamenta o falecimento de um de seus membros fundadores, o advogado e ex-ministro da Justiça José Gregori. Seu legado em defesa dos direitos humanos não será esquecido! Nossa solidariedade aos familiares,” diz nota de pesar da Comissão Arns divulgada nas redes sociais.
Também foi um dos signatários da “Carta aos Brasileiros” que em plena ditadura, no ano de 1977, fazia uma contundente defesa dos direitos humanos, da democracia e do Estado democrático de Direito. Na ocasião, seu discurso precedeu o de Goffredo da Silva Telles Jr.
Preocupado com uma série de questões de extrema importância para o Brasil e o mundo e os riscos que uma reeleição de Jair Bolsonaro (PL) poderia representar, Gregori foi um dos quadros históricos do PSDB que declarou voto a Lula nas últimas eleições.
“Com os meus 70 anos de vida pública, eu sei que a recondução do atual presidente seria muito negativa, especialmente agora que o Brasil precisa ter um protagonismo eficiente que combata a fome, nos prepare para as pandemias e evite a guerra nuclear. Lula tem sensibilidade para estas questões”, disse à época.
O presidente Lula, ao tomar ciência da partida de Gregori, relembrou seu compromisso em defender os direitos humanos.
“Soube agora do falecimento de José Gregori, ex-Ministro da Justiça e ex-Secretário Nacional de DH. Sua vida foi marcada por um firme compromisso com os direitos humanos e com a consolidação da democracia. Muito obrigado, José Gregori. Seu legado jamais será esquecido,” declarou o petista nas redes sociais.
O ministro Silvio Almeida, dos Direitos Humanos, também lamentou o falecimento: "Muito obrigado, José Gregori. Seu legado jamais será esquecido". Já o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que foi colega de partido de Gregori, também deixou suas palavras.
"O ministro Gregori é símbolo da luta pela democracia, pela legalidade e pelos direitos humanos no Brasil, ajudou a fincar as bases dessa luta. Lula e eu tivemos a alegria e o prestígio do seu apoio durante a campanha. Que Deus conforte a família e os amigos," declarou.
Gregori foi homenageado nesta tarde em declarações oficiais do Instituto FHC, de Marco Vinholi(presidente do PSDB-SP), do ministro Paulo Teixeira do Desenvolvimento Agrário, do senador Humberto Costa (PT-PE), Juliano Medeiros (presidente do Psol), Eduardo Suplicy (PT-SP), entre outras personalidades.