Artistas com deficiência estão acusando a Globo e o programa Criança Esperança de reforçarem o capacitismo durante o evento, que foi exibido na segunda-feira (7).
O segmento afirma que a forma como as histórias de pessoas com deficiência (PcD) foram contadas durante o programa as colocava em posição de "coitadas" ou como "seres iluminados". O movimento de pessoas com deficiência luta justamente para que o grupo não seja visto através do olhar de pena.
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Nas redes, ativistas se pronunciaram. Pedro Henrique França, cineasta, postou: “Queridos envolvidos com essa megaprodução [Criança Esperança], para fazer inclusão PcD com essa surra de capacitismo era melhor manter invisível mesmo”. A postagem foi compartilhada pelos atores Tabata Contri e Gigante Léo.
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Já em entrevista à Folha de S.Paulo, o cineasta diz que "essa narrativa quer nos manter nesse lugar de 'coitados que vieram para dar exemplo de superação ao mundo'" e complementa afirmando que "não é isso o que queremos colocar para a sociedade enquanto comunidade".
Tabata também foi entrevistada e reforçou: "A gente merece muito mais do que essa visão assistencialista".
"Não estou dizendo que caridade é ruim. É um programa para arrecadar recursos. Mas a gente precisa de oportunidade, de acessibilidade, de ter o nosso direito de ir e vir sendo respeitado".
França também criticou a falta de pessoas com deficiência atuando como roteiristas ou diretoras neste tipo de atração, e citou outro programa parecido com o Criança Esperança, o Teleton, do SBT. Tabata concorda.
"Existe um lema dentro da comunidade de pessoas com deficiência que é muito importante: 'Nada sobre nós sem nós'. Ou seja, não dá para decidir ou definir nada sobre uma pessoa com deficiência sem ela junto", pontua a atriz.
"A gente precisa empoderar a pessoa com deficiência", afirma. "Não precisamos que chorem ou sintam pena de nós. A gente precisa olhar para a pessoa com deficiência e sentir orgulho da história dela", completa.
Além disso, França chama atenção para o fato de ser inadmissível que, em 2023, atores sem deficiência sejam escolhidos para interpretar personagens cegos ou com nanismo, por exemplo. "Não dá mais para a gente admitir a desculpa que não existem profissionais", finaliza.