A Secretaria Municipal de Saúde de Boa Vista divulgou a informação que 47 crianças Yanomamis estão internadas no Hospital da Criança da capital de Roraima. Trata-se da única unidade de saúde que atende casos pediátricos de média e alta complexidade no estado.
Das 47 internações, 29 deram entrada no hospital na última semana. A situação dos indígenas caracteriza uma tragédia humanitária.
As principais doenças responsáveis pelas internações são: diarreia, doença gastrointestinal aguda, desnutrição grave, pneumonia, malária e acidentes com cobras.
O governo Lula (PT) decretou Estado de Emergência no território Yanomami. Conforme o Ministério dos Povos Indígenas, 570 crianças desse povo já morreram por contaminação por mercúrio e fome, provocada pelo “impacto do garimpo ilegal na região”.
Desde segunda-feira (23), servidores do Sistema Único de Saúde (SUS) estão sendo encaminhados à região para integrar uma força-tarefa de atendimento aos indígenas, de acordo com o UOL.
“Nos últimos anos, a população Yanomami passou por desassistência e dificuldade de acesso aos atendimentos de saúde. Casos de desnutrição e insegurança alimentar, principalmente entre as mais de 5 mil crianças da região, foram registrados. Profissionais de saúde relatam falta de segurança e vulnerabilidade para continuar os atendimentos, dificultando ainda mais a assistência médica aos indígenas”, diz trecho a nota do Ministério da Saúde sobre a gravidade da situação.
Líder indígena afirma que pediu ajuda ao general Mourão para retirada de garimpeiros na região
O governo de Jair Bolsonaro (PL) tem uma parcela grande de responsabilidade sobre a tragédia humanitária que atinge os indígenas da região. Dário Kopenawa, vice-presidente da Associação Hutukara, que representa o povo Yanomami, afirmou, em entrevista à Globo, nesta terça-feira (24), que pediu ajuda ao então vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, para retirar garimpeiros de terras indígenas.
Dário afirmou que o pedido foi feito diretamente ao general. Entretanto, apesar do alerta, nada foi feito para, ao menos, minimizar a ação criminosa dos garimpeiros.
“Eu conversei pessoalmente com o vice-presidente Hamilton Mourão para tomar as providências mais urgentes e retirar os garimpeiros da Terra Indígena Yanomami. Não aconteceu nada e não foram tomadas as providências que pedi na presença do vice-presidente Mourão”, disse Dário.
O descaso do governo anterior vem de longe. Em 2019, lideranças dos povos Yanomamis chegaram a avisar integrantes do Executivo a respeito do genocídio que estava ocorrendo em suas terras, o que foi ignorado.