Um tiro de fuzil disparado por um policial militar matou, nesta segunda (6), o cuidador de idosos Reginaldo Avelar Porto, de 37 anos. A vítima era negra e tentava separar uma briga no lava-jato, na Zona Norte do Rio de Janeiro, onde ele fazia um trabalho extra.
A PM alegou que o tiro foi acidental e o policial responsável pela morte está detido. Conforme a versão da corporação, houve um tumulto próximo ao lava-jato e na tentativa de separar as pessoas que estavam brigando, a arma de um dos agentes disparou. A família, porém, desmente.
“Toda morte de preto é acidental”, desabafou Rogéria Avelar, irmã de Reginaldo. “Meu irmão foi afastar a briga, aí chegaram os policiais com a mão no gatilho já, né. Porque eles só sabem chegar assim, para matar. Agora, vão dizer que foi acidental, eles falam que foi acidental, né? Toda morte de preto é acidental. Aí, meu filho, só Deus sabe. Só meu irmão que estava lá, ele foi afastar uma briga que não era dele. Meu irmão é uma pessoa boa. Ele ia trabalhar. Ele toma conta de uma senhora”, declarou Rogéria, em entrevista ao RJ TV, da TV Globo.
“Alguém pode me explicar como acidental se eles já vêm com a arma para atirar? Alguém tem que me dar essa explicação. É acidental isso? Para mim não é acidental. Já vem com o gatilho já empunhado para matar, para matar preto. Vou falar mais o quê? Tô revoltada, sim", acrescentou Rogéria.
Nayara Avelar, sobrinha de Reginaldo, também demonstrou revolta: “Meu tio estava na dele, o policial que separou a briga deu um tiro à queima-roupa. Meu tio não estava brigando. Há diversas maneiras de separar uma briga sem precisar disparar um tiro sequer”, afirmou ao UOL.
Quase 80% das pessoas mortas por policiais no Brasil são negras
Conforme informações do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2021, levantamento realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, ainda com dados de 2020, 78,9% das pessoas mortas por policiais são negras.