O vereador de Curitiba (PR), Renato Freitas (PT-PR) ganhou mais um aliado na luta para que seu mandato não seja cassado pela Câmara Municipal da capital paranaense. A própria Arquidiocese de Curitiba encaminhou uma carta aos vereadores para pedir que o petista não seja punido com a perda do mandato.
Freitas enfrenta um processo no Conselho de Ética por ter comandado um protesto antirracista na Igreja do Rosário, no dia 5 de fevereiro de 2022. Vários vereadores pediram sua cassação por, segundo eles, quebra de decoro, e por alegar que Freitas invadiu o local e desrespeitou a Igreja Católica.
Na manifestação da Igreja, encaminhada ao vereador Sidnei Toaldo (Patriotas), relator do caso no Conselho de Ética da Câmara, a Arquidiocese sugere que a punição seja proporcional ao que, de fato, ocorreu.
Ao contrário do que vários vereadores disseram, a Arquidiocese confirma o que Freitas sempre declarou e que fica claro nos vídeos: que ele só entrou para se manifestar na igreja após o fim da missa.
A carta da Arquidiocese, inclusive, elogia a luta antirracista do vereador petista. O protesto marcado para a frente da Igreja do Rosário, símbolo da história dos negros em Curitiba por ter sido construída por escravos, no século XVIII, tinha como origem o assassinato de dois homens negros nos dias anteriores.
“A manifestação contra o racismo é legítima, fundamenta-se no Evangelho e sempre encontrará o respaldo da Igreja. Percebe-se no vereador o anseio por justiça em favor daqueles que historicamente sofrem discriminação em nosso país. A causa é nobre e merece respeito”, diz o documento, segundo Rogério Galindo, no site Plural Curitiba.
Porém, o texto afirma, ainda, que houve excessos na manifestação e que a Igreja é favorável “a uma medida disciplinadora proporcional ao incidente”, mas sem a cassação.
Freitas afirma que não houve invasão da igreja
No dia 23 de fevereiro, em entrevista ao Fórum Onze e Meia, Freitas contou que o protesto transcorria pacificamente do lado de fora da igreja. “Quando a missa acabou, as pessoas foram saindo e o padre foi até onde estávamos e quis proibir o protesto, quando deveria ter acolhido nossa causa”.
O vereador lembrou que as pessoas começaram a acusar o padre de “racismo institucional”. “Foi quando ele provocou e fez o sinal de positivo. Em reação, as pessoas entraram na igreja e interpretaram alguns cantos de capoeira e de valorização da nossa cultura. Isso durou cerca de seis minutos, apenas. Não houve invasão, porque a igreja estava aberta e a missa já havia terminado”.
O vereador relata que sofre “um histórico de perseguição”
“Há um histórico de perseguição. O primeiro processo que sofri de cassação, do qual fui absolvido, ocorreu porque chamei os integrantes da bancada de vereadores formada por pastores de charlatões e picaretas, porque defenderam o uso de ivermectina no tratamento da Covid-19”, relatou. Agora, ele vê, novamente, o perigo de ser afastado da Câmara.