A família do jovem congolês Moïse Kabagambe, brutalmente assassinado durante agressão na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, desistiu de aceitar a concessão dos quiosques Biruta e Tropicália. A informação foi confirmada pelo procurador da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ, Rodrigo Mondego.
“Eles desistiram de assumir, não querem mais, por medo”, justificou o advogado.
Segundo Mondego, os familiares do rapaz aceitam marcar uma conversa com representantes da prefeitura e da Orla Rio, responsável pelos direitos da concessão de quiosques.
O objetivo da família é discutir as homenagens a Moïse e, até mesmo, debater alternativas para assumir outros quiosques em locais diferentes.
“Eles querem marcar com a prefeitura para conversar. Eles aceitam outro quiosque, podem aceitar outra alternativa. Mas não aceitam ficar ali porque não vão se sentir seguros nunca. Porque já disseram que não vão sair de lá”, afirmou o representante da OAB-RJ.
Dono diz que não sairá de quiosque que tinha sido cedido à família de Moïse
O dono do quiosque Biruta, vizinho ao quiosque Tropicália, onde Moïse foi morto à pauladas após cobrar duas diárias de trabalho, disse em entrevista ao UOL que não vai ceder o espaço para a Prefeitura do Rio de Janeiro.
“Não vou sair. Estive conversando com algumas pessoas, e a orientação que tive é deixar rolar. Estou naquele ponto desde 1978 e não vou abandoná-lo”, afirmou Celso Carnaval, que é aposentado. Em depoimento à polícia, um dos suspeitos da morte de Moïse disse que o espaço era administrado pelo policial militar Alauir de Mattos Faria e sua irmã Viviane.
Carnaval admitiu que é amigo de Viviane e a colocou para trabalhar no quiosque para ajudá-la num momento em que ela enfrentava dificuldades financeiras. No entanto, negou saber que o irmão era PM. Já Lennon Correia, advogado do PM Faria, disse ao Estadão Conteúdo que seu cliente é amigo do dono do quiosque.
Local do assassinato será transformado em memorial da cultura africana
Conforme a prefeitura do Rio, os quiosques Biruta e Tropicália serão transformados em um memorial e polo de cultura de países africanos.
Pedro Paulo Carvalho, secretário municipal de Fazenda, afirmou que a transformação do quiosque é uma forma de reparação à família.
“Vai ser um espaço público de lembrança para que a barbárie não seja esquecida e não se repita”, disse.
Ele destacou, ainda, que as oportunidades de emprego ligadas aos dois quiosques deverão ser oferecidas a refugiados africanos residentes no Rio.
Com informações do G1