Jones Manoel detona fala racista de Mario Frias: "Eles odeiam o povo brasileiro"

Em comentário enviado à Fórum, historiador destrinchou a junção entre liberalismo e nazismo que permeia o governo Bolsonaro e anunciou processo contra o secretário de Cultura

Jones Manoel e Mario Frias (Reprodução)
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O historiador Jones Manoel foi alvo de racismo, nesta quinta-feira (15), por parte do secretário especial de Cultura do governo Bolsonaro, Mario Frias.

Após uma postagem irônica de Jones sobre o presidente Jair Bolsonaro, Frias disse que o professor "precisa de um bom banho".

O caso repercutiu nas redes e inúmeros políticos, intelectuais e personalidades negras saíram em defesa de Jones Manoel e em repúdio ao secretário de Cultura.

Em comentário enviado à Fórum após o ocorrido, Jones anunciou que já está em contato com advogados para processar Mario Frias.

Ele ainda fez uma análise dos aspectos que permeiam o governo Bolsonaro que "permitem" a figuras como Mario Frias destilarem racismo de forma aberta, sem qualquer tipo de constrangimento.

"Isso não é novidade no governo Bolsonaro. É importante lembrar que o próprio Bolsonaro tem um histórico de várias declarações racistas nos seus anos como deputado", disse Jones.

Ele ainda lembrou, por exemplo, de uma fala explicitamente racista de Bolsonaro: a que dava conta de que quilombolas se pesam por "arrobas", que é o nome da medida de peso usada para gado.

O historiador também pontuou que Frias ocupa a cadeira que já foi a de Roberto Alvim, ex-secretário de Cultura que deixou o governo após gravar uma verdadeira peça de propaganda nazista.

Liberalismo, fascismo e racismo

Jones explica que, para ele, o bolsonarismo é composto pelo "encontro entre liberalismo econômico, lavajatismo, partido fardado e o fascismo".

"Que o Mario Frias se sinta à vontade para, publicamente na internet, verbalizar uma declaração abertamente racista, é o sintoma do que é o Brasil sob a colonização bolsonarista", afirma. "E o fascismo é necessariamente racista", completa.

"Com esse governo liberal fascista, muitas figuras sentem uma espécie de autorização social e política para destilarem sua repulsa ao povo brasileiro", pontua.

Ódio ao povo brasileiro

Jones destaca essa "repulsa ao povo brasileiro" é, justamente, uma característica do fascismo bolsonarista.

"Esse racismo se casa ao ódio ao povo brasileiro, ao povo trabalhador do país. Não custa lembrar que Bolsonaro já falou mal do povo brasileiro várias vezes. Eles odeiam o povo do Brasil, odeiam nosso país, nossa cultura, os folclores, as tradições. Tudo o que é genuinamente brasileiro é odiado por essas figuras e isso se casa com racismo e com esse ideário fascista", atesta.

O historiador constata, porém, "que ao contrário do fascismo clássico, que tinha um forte traço nacionalista", o bolsonarismo exerce um fascismo que, "embora reivindique um discurso patriota, tem função de destruir tudo no país e entregar para os Estados Unidos".