A Polícia Militar (PM) do Rio de Janeiro foi responsável por uma ação violenta de reintegração de posse, nesta quinta-feira (1), em Itaguaí, na Região Metropolitana do Rio. Aproximadamente 400 mil famílias foram despejadas de um terreno abandonado há vários anos pela Petrobras.
Os soldados usaram bombas de gás lacrimogêneo e jatos de água sobre as famílias. Barracas de lonas foram queimadas, enquanto mulheres e crianças gritavam, pedindo para não serem despejadas.
A ocupação “Campo de Refugiados Primeiro de Maio” abrigava mulheres e homens desempregados, crianças e idosos sem teto, todos retirados à força pela polícia. A ocupação teve apoio de sindicatos de petroleiros e outras organizações, como o Movimento dos Sem Terra (MST).
A Federação Única dos Petroleiros (FUP) divulgou uma nota, na qual repudiou a ação da PM. “Cenas que revoltam e que deveriam envergonhar os gestores da Petrobras. O terreno, ocupado pelas famílias no dia primeiro de maio deste ano, foi doado pela prefeitura de Itaguaí à empresa para construção do Comperj, que acabou sendo instalado em Itaboraí. Ou seja, o terreno está abandonado há cerca de dez anos”.
O Supremo Tribunal Federal (STF) havia determinado a suspensão, por seis meses, de ordens ou medidas de desocupação de áreas que já estavam habitadas antes de 20 de março de 2020, quando foi aprovado o estado de calamidade pública por causa da pandemia.
Leia a íntegra da nota da FUP:
Em plena pandemia, em meio à mais grave crise econômica e humanitária dos últimos tempos, cerca de 2 mil famílias foram covardemente despejadas na manhã desta quinta-feira, 1, de um terreno abandonado há anos pela Petrobras, em Itaguaí, região metropolitana do Rio de Janeiro. A ocupação “Campo de Refugiados Primeiro de Maio” abrigava mulheres e homens desempregados, crianças e idosos sem teto, que foram, retirados à força do local em uma ação violenta de reintegração de posse movida pela Petrobras.
Policiais do Batalhão de Choque da Política Militar invadiram o acampamento no início da manhã, em uma operação de extrema violência, lançando bombas de gás lacrimogêneo e jatos de água sobre as famílias, que tentaram resistir à truculência. As imagens do confronto foram exibidas pelas redes de TV que cobriram a ação truculenta. Barracas de lonas foram incendiados, enquanto mulheres e crianças gritavam, implorando para que não fossem despejados.
Cenas que revoltam e que deveriam envergonhar os gestores da Petrobras. O terreno, ocupado pelas famílias no dia primeiro de maio deste ano, foi doado pela prefeitura de Itaguaí à empresa para construção do Comperj, que acabou sendo instalado em Itaboraí. Ou seja, o terreno está abandonado há cerca de dez anos.
A FUP repudia a atitude da gestão da Petrobras e a violência da polícia no despejo de centenas de famílias que não têm para onde ir. Quando souberam da ocupação, a federação e os Sindicatos de Petroleiros do Norte Fluminense e de Duque de Caxias se mobilizaram com doações de alimentos para os sem teto. Por conta destas ações de solidariedade, a gestão da Petrobras demitiu arbitrariamente o diretor do Sindipetro-NF, Alessandro Trindade, que coordena o movimento Petroleiro Solidário, que tem arrecadado recursos durante a pandemia para compra de cestas básicas que são distribuídas a famílias em situação de vulnerabilidade social no estado do Rio de Janeiro, inclusive as que ocuparam o terreno em Itaguaí.
“Essa ocupação é o retrato do que estamos vivendo hoje no país, com recordes de desempregados e a miséria e a fome avançando. A solidariedade precisa ser cada vez mais fortalecida e, nós petroleiros, continuaremos fazendo a nossa parte para levar comida para os brasileiros e brasileiras que estão nesta situação”, afirma o coordenador da FUP, Deyvid Bacelar.
Veja vídeos e reações nas redes à ação da PM do Rio: