Vereador negro do PT de Curitiba desabafa após prisão arbitrária: "A minha humanidade foi retirada"; veja vídeo

Renato Freitas (PT-PR) foi abordado pela PM enquanto jogava basquete e ouvia música em uma praça pública e, após ser conduzido à delegacia e liberado, afirmou que a polícia não esclareceu até agora o motivo pelo qual foi preso

O vereador Renato Freitas (Reprodução/Instagram)
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O vereador Renato Freitas (PT-PR), preso pela Polícia Militar de Curitiba na tarde desta sexta-feira (4) enquanto jogava basquete e ouvia música com um amigo em uma praça pública, foi liberado na parte da noite após passar mais de uma hora na delegacia para assinar um termo circunstanciado. Ele concedeu entrevista assim que saiu da unidade policial e afirmou que, mesmo tendo assinado o termo, a polícia, até agora, não esclareceu o motivo pelo qual foi fetido.

"A gente não sabe até agora. Em nenhum momento falaram para a gente o porquê estávamos sendo preso", disse.

A abordagem policial teria sido motivada por “perturbação ao sossego” e, ao questionar a ação da PM, Freitas foi acusado por um dos agentes de “atrapalhar o trabalho da PM”.

Toda ação foi filmada [veja aqui]. “Essa é a cara de Curitiba. A cara do racismo“, disse o vereador, já detido, antes de ser conduzido para a delegacia, junto com seu amigo, para assinar o termo circunstanciado.

Após ser liberado, Freitas revelou que os policiais o agrediram torcendo seu braço e dando socos em suas costas, e desabafou sobre a situação, atestando que a motivação dos agentes para prendê-lo foi racismo, já que não estava fazendo nada de errado.

Lamento profundamente a abordagem. Não estávamos fazendo absolutamente nada. A PM nos abordou, tinha um furgão da PM, pessoas praticando esporte. Nós éramos mais dois entre outros cidadãos. Entretanto, fomos tratados como subcidadãos. O policial que nos olhou se incomodou com nossa presença lá. Por que esse tratamento de ódio? Por que que falou que ia dar um chute na nossa caixa [de som]? Por que não nos foi dada uma conversa amigável? Não foi o que foi feito. Nos trataram com racismo, como se fossemos subcidadãos. Eu, hoje, como representante da cidade, não fui tratado nem como vereador e nem como cidadão", disse Freitas, que também é advogado.

"A minha humanidade foi retirada no momento que me bateram, me injuriaram. A todo momento perguntei o porquê estava sendo preso e eles não souberam responder", completou.

Assista ao relato do vereador.

PT presta solidariedade

O diretório do PT do Paraná, após a prisão do vereador, divulgou nota em que cobra medidas cabíveis contra a ação arbitrária da Polícia Militar.

Confira, abaixo, a íntegra.

O Partido dos Trabalhadores do Paraná vem a público manifestar solidariedade ao advogado e vereador do PT em Curitiba, Renato Freitas, que foi vítima de ação truculenta da Polícia Militar na tarde desta sexta-feira (4).

Enquanto jogava basquete e ouvia música com amigos em uma praça pública de Curitiba, Renato Freitas presenciou uma abordagem policial realizada de forma inadequada pela Polícia Militar.Renato, que é advogado, questionou a PM sobre o método de abordagem, que visivelmente feria os direitos daquele cidadão. Em total desrespeito à posição que Renato ocupa, ele foi detido pela PM e encaminhado ao Batalhão da Polícia Militar.

A truculência da PM com o vereador foi filmada e postada nas redes sociais de Renato.Não é a primeira vez que o Renato Freitas sofre violência e perseguição política em Curitiba. Em 2016, ele foi preso pela Guarda Municipal (GM) enquanto panfletava para sua campanha a vereador. Em 2018, houve nova agressão da GM quando ele fazia campanha na condição de candidato a deputado estadual. No final do mesmo ano, ele foi detido pela PM na Praça do Gaúcho, quando realizava uma reunião com outros quatro jovens.

Quando se trata de jovens negros e periféricos, a abordagem da Polícia Militar e da Guarda Municipal é sempre a mesma, inflamada pela truculência e pela violência. Até quando jovens negros serão impedidos de usufruir de seus direitos? Basta!

O PT Paraná repudia a ação truculenta da PM e pede que as medidas cabíveis sejam tomadas. Renato terá todo o amparo do partido. Força, companheiro! Resistiremos!

PARTIDO DOS TRABALHADORES DO PARANÁ