Mesmo com preço do gás nas alturas, setor patronal quer tirar direitos e se nega a repor perdas dos trabalhadores

Conforme os preços aumentam no mercado internacional o reajuste é repassado para o consumidor final. Para os empresários do setor não há perdas e nem prejuízos. Entretanto, a mesma lógica não se aplica ao segmento laboral

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Segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), desde janeiro deste ano o preço médio do botijão de gás de 13 Kg já subiu quase 30%.

Entretanto, desde o início da pandemia, em março de 2020, o percentual foi assustadoramente maior.

O botijão de gás, que custava em torno de R$ 70, hoje chega a R$ 120, um aumento aproximado de 70% no valor.

Para o presidente do Sindigás, Sergio Bandeira de Mello, o reajuste se dá pelo aumento dos preços das commodities internacionais, reaquecimento da economia mundial e aumento da demanda pelo produto.

Além disso, segundo ele, o aumento do dólar e a desvalorização cambial interferem diretamente no preço.

Não há prejuízos

Na prática, conforme os preços aumentam no mercado internacional o reajuste é repassado para o consumidor final. Para os empresários do setor não há perdas e nem prejuízos.

Entretanto, a mesma lógica não se aplica ao segmento laboral. É o que afirma Valter Adalberto, presidente da Federação dos Trabalhadores no Comércio de Minérios e Derivado de Petróleo no Estado de São Paulo (Fepetrol).
Adalberto se vê, neste momento, com as negociações da Campanha Salarial emperradas porque o setor patronal não apenas nega reposição inflacionária e reajuste salarial, como quer retirar direitos dos trabalhadores conquistados em anos anteriores.

Entre os direitos perseguidos pelo setor patronal estão o fim do Adicional por Tempo de Serviço (ATS); redução do percentual devido nas horas extras e implantação do banco de horas; eliminação da cláusula que garante estabilidade antes do trabalhador ter direito a aposentadoria, entre outros.

Trabalhadores fundamentais

Valter Adalberto lembra que os trabalhadores do setor gás foram fundamentais mesmo durante os momentos mais críticos da pandemia. Isso porque o consumo de gás das famílias disparou nesse período, obrigando os trabalhadores a se desdobrarem para atender a demanda.

“Nós não paramos porque entendemos nosso papel na sociedade. Mas a inflação está corroendo o poder de compra. A cada dia que passa o salário vale menos e o que pedimos é apenas a manutenção do que já existe, a reposição das perdas e um reajuste básico”, diz Adalberto.

A próxima rodada de negociações com o setor patronal está marcada para o dia 07/10. A expectativa é que as conversas avancem.  

“Não há justificativas para as negativas. O setor não enfrenta prejuízos. É hora de valorizar o trabalhador que carrega o segmento nas costas”, finaliza.