O deputado estadual Carlos Bordalo (PT-PA) protocolou nesta terça-feira (1), na Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), um Projeto de Decreto Legislativo para revogar o título de Honra ao Mérito do administrador Julio Marcos Saraiva.
Morador de Belém em autointitulado "especialista em gestão com pessoas", Saraiva usou sua conta do Facebook, na última terça-feira (25), para ofender a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ) com xingamentos racistas.
“Mulher feia,insípida,inodora,incolor, preta ridícula,beiçuda,nariz de tomada,essa vagabunda, criou uma lei, que da para quem e quilombola,(preguiçosos e lerdos) e preto em geral, cota de 20 % nos partidos na próxima eleição, vai inviabilizar os partidos, só podia ser coisa dessa negra idiota, líder da esquerda evangélica”, havia postado o homem.
As ofensas contra a ex-governadora do Rio de Janeiro foram o que motivou o deputado estadual Bordalo a apresentar o projeto para cassar o título de Saraiva, concedido pela Assembleia do Pará em 2017. De acordo com o petista, que é presidente da Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor na Alepa, as declarações do administrador são "abjetas" e "desonram o mérito recebido".
Queixa na polícia
Nesta segunda-feira (31), Benedita da Silva prestou queixa na delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) do Rio de Janeiro contra Julio Marcos Saraiva.
“É lamentável que ainda tenhamos episódios assim, mas continuarei lutando, como sempre fiz em toda a minha vida. Não vão me calar jamais, pois racistas não passarão!”, afirmou Benedita da Silva.
Na delegacia, Benedita prestou queixa pelo crime de racismo, injúria e difamação contra Saraiva, e esteve acompanhada do diretor da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil sessão Rio de Janeiro (OAB-RJ), dr. Rodrigo Mondego, da secretária de Combate ao Racismo do PT, Neide Jane, e do presidente do PT Carioca, Tiago Santana.
No mesmo dia
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovou na última terça-feira (25), por 6 votos a 1, o financiamento eleitoral proporcional para candidaturas negras e também a distribuição proporcional, a essas candidaturas, de tempo de TV do horário eleitoral gratuito. A nova regra entrará em vigor a partir das eleições de 2022.
A decisão se deu graças a uma consulta apresentada pela deputada federal e pré-candidata à prefeitura do Rio de Janeiro, Benedita da Silva (PT-RJ), que foi a primeira senadora negra da história do país.
Ironicamente, a decisão do TSE sobre a consulta de Benedita da Silva, que representa uma vitória para o movimento negro, se deu no mesmo dia em que a deputada foi alvo do ataque racista nas redes sociais.