A mobilização do povo Pataxó contra a reintegração de posse prevista para ocorrer contra a Aldeia Novos Guerreiros, na TI Ponta Grande - entre as cidades de Porto Seguro e Santa Cruz de Cabrália -, fez com que a operação fosse adiada por, pelo menos, uma semana. Agentes da Polícia Federal (PF) chegaram a ir até o local nesta quinta-feira (27) mesmo diante de decisão do STF de impedir despejos durante a pandemia do novo coronavírus, mas não realizaram a remoção.
"A reintegração foi suspensa por mais uma semana, após muita insistência de nossos caciques e lideranças. Temos mais uma semana pra cobrar das autoridades que se posicionem sobre essa situação. Temos uma semana pra trabalharmos juntos por aqui e todas redes sociais", afirmou a Thyara Pataxó, liderança indígena, em suas redes sociais.
Emerson Pataxó, secretário executivo da Associação de Jovens Indígenas Pataxó, também usou o Twitter para divulgar o adiamento. "Atualização!!! Reintegração de Posse é suspensa por uma semana", tuitou.
A remoção ocorreria nesta quinta, mas a PF foi até o local para realizar operação e não sabia qual, exatamente, seria o território que era alvo de reclamo judicial. A ação ameaça cerca de 24 famílias que correm o risco de serem expulsas das suas terras, mas pode afetar outras 2.500.
Segundo informações obtidas pela Fórum, a Funai chegou a ir até a TI na tarde desta quinta-feira para convencer os indígenas a deixarem o local. Os caciques das aldeias, no entanto, não cederam e pressionaram a entidade para resolver a situação. "Os caciques deram uma pressionada dizendo que eles tinham que resolver a situação e eles saíram", disse fonte ouvida pela Fórum.
Em nota divulgada na segunda-feira, a Aldeia Novos Guerreiros critica a Funai. “Observa-se que o papel da Funai é defender os interesses dos povos indígenas, amparando-os através dos recursos e providências para evitar este horror que recai sobre a comunidade. Além das falhas que constam no processo (foto da área com erros), a comunidade não tem voz através dos seus representantes legais”, afirmam.
Lideranças indígenas tem pedido apoio para não serem removidos do território, principalmente diante da pandemia do novo coronavírus, e lançaram um abaixo-assinado. Acesse aqui.