Bolsonaro teve como assessora esposa do general acusado pela morte de Rubens Paiva

"Nunca tínhamos entendido a obsessão e raiva que Bolsonaro sente pela minha família. Está explicado", disse o escritor Marcelo Rubens Paiva após a notícia de que Maria de Fátima Campos Belham, ex-assessora de Bolsonaro, é esposa do general reformado José Antônio Nogueira Belham, apontado como o responsável pela morte de seu pai

Maria de Fátima Campos Belham e o marido, o general reformado José Antônio Nogueira Belham (Foto: Reprodução/Facebook)
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Reportagem da revista Época publicada nesta quarta-feira (31) revela que o presidente Jair Bolsonaro, dos tempos de deputado federal, teve como assessora a esposa do general apontado como responsável pela morte do deputado Rubens Paiva na ditadura militar. Maria de Fátima Campos Belham, professora do Colégio Militar de Brasília até a aposentadoria, em 2013, foi assessora do gabinete de Bolsonaro ao longo do ano de 2003. Ela é esposa do general reformado do Exército José Antônio Nogueira Belham, conhecida liderança do aparelho repressor do Estado e que chefiou o DOI (Destacamento de Operações de Informação) quando Rubens Paiva foi torturado e assassinado. Desde o ano em Rubens Paiva foi assassinado, em 1971, conforme sustentam documentos da Comissão Nacional da Verdade (CNV), o deputado era considerado um desaparecido político. Em 2014, no entanto, o processo foi reaberto e o general Belham se tornou réu pela morte do parlamentar, que também sofreu tortura nas instalações chefiadas pelo general. O processo, no entanto, está parado no Supremo Tribunal Federal (STF). Pelo Twitter, o escritor Marcelo Rubens Paiva, filho de Rubens Paiva, comentou a notícia que veio à tona de que a esposa do general supostamente responsável pelo morte de seu pai assessorava ao atual presidente da República. "Nunca tínhamos entendido a obsessão e raiva que Bolsonaro sente pela minha família. Está explicado agora", escreveu. Em entrevista à revista Época, Marcelo Rubens Paiva foi ainda além. "O Bolsonaro sabe de muito mais coisa e ele deve saber o que realmente aconteceu. Ele simplesmente convivia com o chefe do DOI e ele está falando isso para nos humilhar. É um sádico”, disse, em referência às recentes declarações do presidente sobre o pai do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz. Alberto Santa Cruz, assim como Rubens Paiva, foi morto pelo aparelho repressor do Estado na ditadura e classificado como um desaparecido. "Se o presidente da OAB quiser, conto como seu pai sumiu na ditadura", disse o presidente. Nem o Palácio do Planalto e nem o general apontado como o responsável pela morte de Rubens Paiva comentaram a notícia de que a esposa do militar era assessora do presidente. Confira a íntegra da reportagem da Época aqui.