Ex-ministro da Saúde, Padilha critica texto que prega volta de manicômios e eletrochoque

"Loucura não se prende, loucura não se tortura", disse o deputado federal e ex-ministro, Alexandre Padilha, sobre o texto do ministério da Saúde que dá aval aos uso de eletrochoques e reforça a possibilidade da internação de crianças em hospitais psiquiátricos

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O ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT), criticou nesta sexta-feira (8) uma nota técnica do atual ministério da Saúde publicada esta semana que dá aval aos uso de eletrochoques e reforça a possibilidade da internação de crianças em hospitais psiquiátricos, nos moldes dos antigos manicômios. "Loucura não se prende, loucura não se tortura", afirmou Padilha, que classificou como "preocupante" as possibilidades destacadas no documento de 30 páginas sobre Política de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas. Além de destacar a volta dos manicômios e do eletrochoque, considerado obsoleto e em desuso após anos de luta anti-manicomial, a nota técnica ainda prega a abstinência para o tratamento de dependentes de drogas, indo contra todo um trabalho de redução de danos que já vem sendo adotado há 30 anos no país. “As pessoas com problemas mentais estão sendo cuidadas por suas famílias, reintegradas à comunidade. Isso é um retrocesso absurdo. Essas clínicas saqueavam o Estado com as internações. É preciso que a sociedade diga não a esse retorno à Idade Média”, disse, em entrevista ao programa Antena Ligada, na Rádio Trabalhador, o presidente do Conselho Municipal de Saúde, Edivaldo Bernardo de Lima. Defesa  Coordenador Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas do Ministério da Saúde, Quirino Cordeiro, que assina a nota técnica, defendeu o destaque dado ao tratamento. A ideia, de acordo com ele, é orientar gestores do SUS sobre a política de saúde mental, o que passa por abordar o uso da eletroconvulsoterapia – nome técnico do tratamento, já considerado obsoleto. Já o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta disse, em entrevista, não conhecer o documento. E ao ouvir os temas abordados, emendou: “Sem dúvida (as medidas) são polêmicas.”