“A democracia racial no Brasil é um mito”, diz Roger Machado, técnico do Bahia

O ex-jogador e atual treinador recebeu a Medalha do Mérito Farroupilha, principal honraria concedida pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul

Roger Machado - Foto: Divulgação
Escrito en DIREITOS el
O ex-jogador e atual treinador do Esporte Clube Bahia, Roger Machado, recebeu, nesta sexta-feira (20), a Medalha do Mérito Farroupilha, principal honraria concedida pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. Gaúcho de Porto Alegre, Roger tem se destacado por se engajar nos debates sobre racismo e preconceito no futebol brasileiro. Em seu discurso de agradecimento, ele disse que o Brasil, como nunca editou leis segregacionistas, como Estados Unidos e África do Sul, passa a falsa impressão de que conta com uma democracia racial. Não é sócio Fórum? Quer ganhar 3 livros? Então clica aqui. “O Brasil fez pior: adotou um modelo que nos torna invisíveis. Um país construído com uma mão de obra escravizada, não pode ser considerado uma democracia. A democracia racial no Brasil é um mito. E o Brasil precisa parar de negar a existência do racismo se quiser, de fato, ser uma nação igualitária e democrática”, afirmou. “Chutar a bola para dentro da rede é apenas uma parte disso. Para alguns, política e futebol não se misturam, mas não falo da política partidária, falo de política como a arte de dialogar”, destacou, recordando o que disse em outubro, durante entrevista. “Na medida que a gente tem mais de 50% da população negra e a proporcionalidade não é igual, a gente tem que refletir e se questionar. Se não há preconceito no Brasil, por que os negros têm o nível de escolaridade menor que o dos brancos? Por que a população carcerária, 70% dela é negra? Por que quem morre são os jovens negros no Brasil? Por que os menores salários, entre negros e brancos, são para os negros?”, questionou. Caminho sem volta Roger deixou claro seu posicionamento em relação ao Brasil em tempos de Jair Bolsonaro. “Recebi diversas mensagens pela coragem, mas coragem não é ausência de medo. Nesse momento pelo qual passamos no Brasil, adotar esse tipo de postura é um caminho que não tem volta”, finalizou. A iniciativa da homenagem ao técnico foi do deputado estadual Valdeci Oliveira (PT) e contou com aprovação de todos os integrantes da Mesa Diretora do Poder Legislativo. Com informações do Observatório da Discriminação Racial no Futebol
Reporte Error
Comunicar erro Encontrou um erro na matéria? Ajude-nos a melhorar