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Por Catarina de Angola, no BdF
A 13ª edição do Fórum Social Mundial (FSM 2018) começou nesta terça-feira (13) em Salvador, na Bahia, e tomou as ruas do Centro da cidade com milhares de pessoas, organizações e movimentos populares que marchavam em torno do lema “Resistir é criar. Resistir é transformar!”. A marcha teve concentração a partir das 15h, na Praça Dois de Julho, no bairro do Campo Grande, e seguiu até a Praça Castro Alves. A necessidade da retomada da democracia e da resistência contra os ataques aos direitos da população em todo o mundo marcaram a caminhada.
“A gente está aqui porque acredita em nosso país, e por isso não vai deixar de ir às ruas”, explicou Lígia Barreto, professora da Universidade do Estado da Bahia (Uneb). Ela também integra o Fórum de Educação do Campo. “A gente precisa ir para as ruas reivindicar direitos nossos, uma sociedade melhor, igualitária, porque educação é direito de todos”, disse.
O Fórum Social Mundial 2018 se propõe a ser um espaço de diálogo de setores organizados, mas também espaço de interação com a cidade em que se realiza. “Queremos demonstrar para o povo de Salvador, e da Bahia, e do mundo, que outro mundo é possível. Existem os movimentos sociais não só no Brasil, mas em todas as partes que lutam por um outro mundo, uma outra forma de organizar a sociedade, uma outra ordem econômica que não exclua as pessoas”, explicou Paulo César, diretor do Sindicato dos Petroleiros da Bahia (Sindipetro) e integrante da Federação Única dos Petroleiros.
Segundo a organização do evento, o FSM 2018 tem também o objetivo de debater e definir novas alternativas e estratégias de enfrentamento ao neoliberalismo, aos golpes antidemocráticos e genocidas que diversos países estão enfrentando nos últimos anos. Ao longo da marcha as críticas ao atual governo brasileiro eram presentes.
“É importantíssimo o Fórum está acontecendo no Brasil e na Bahia por conta do desmonte que o governo Temer está fazendo com nossas estatais, a retirada de direitos, especificamente aqui na Bahia como o governo está retirando a Petrobras da Bahia e do Nordeste. Concentrando novamente renda e o Nordeste e os outros estados vai ficar mais excludente ainda. Importante para que nossa voz, nossos problemas ganhem projeção mundial porque também”, reforçou Paulo César do Sindipetro.
Rosa Marques veio de Recife (PE), ela integra a Rede de Mulheres Negras de Pernambuco e destacou a importância de estar no FSM 2018. “Pra nós, mulheres negras, é importante se visibilizar diante de uma estrutura extremamente racista que é este país. E o Fórum é um espaço onde as grandes maiorias, que chamam de minoria, mas somos a maioria nesse país, nos juntarmos a todas essas pessoas que tem algo em comum e mostrar para o mundo que as desigualdades existem e que a gente precisa se organizar para superá-las”, afirmou.
Para o jovem Carlos Santos da Luz, da Rede de Protagonistas em Ação de Itapagipe (Reprotai), o FSM 2018 e a marcha desta tarde são espaços de denúncia do genocídio da juventude negra. “Meu nome é Carlos Santos da Luz, e os Santos, Silva, Nascimento, todos esses nomes que estão morrendo, quem sabe outrora tivesse sido eu que tivesse morrido também. E para que isso não aconteça a gente está aí, está abrindo o vozeirão para mostrar ao mundo que a gente está vivo. E a juventude que está viva ela não ousa recuar, não vai dar nenhum passo atrás”.
O FSM 2018 segue até o próximo dia 17 de março. A maioria das mais de 1.300 atividades autogestionadas se concentram no Campus da Universidade Federal da Bahia (UFBA).