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Desde que recebeu a denúncia de que modelos negras que participavam do concurso de beleza Top Cufa (Central Única das Favelas) em um shopping foram comparadas à escravas em um grupo de WhatsApp, Bruno Kesseler, organizador do evento e presidente da Cufa no Distrito Federal, tem sido firme ao dizer que é preciso que casos como esse sejam denunciados e punidos.
Em entrevista à Fórum, Kesseler afirmou que a denúncia do caso chegou até ele por meio de uma das candidatas que participou do concurso, no último fim de semana. Segundo ele, a jovem tinha um amigo dentro do grupo, que achou aquilo ofensivo e quis divulgar o caso. Porém, ele não sabia a repercussão que iria causar. Nas imagens da conversa é possível ver os suspeitos do crime dizendo que estava acontecendo um desfile “só de preta”. Em seguida, outro suspeito manda uma foto de escravas, dizendo que era uma imagem do evento.
Também em entrevista à Fórum, a delegada Erika Macedo afirmou que ao que tudo indica, os suspeitos são adolescentes. “Parece que era um grupo de estudantes. Confirmando isso, vamos encaminhar para a Delegacia da Criança e do Adolescente”, afirmou a responsável pela investigação. De acordo com o organizador do evento, isso só mostra como a educação sobre o racismo está defasada no Brasil. “A gente não tem como não colocar essa culpa na conta dos pais, que acabam não educando seus filhos na importância de olhar pro próximo com igualdade”, desabafa.
Para Kesseler, esse caso “reflete o que os negros passam no Brasil todos os dias”. Segundo ele, para que situações como essa não sejam naturalizadas, é preciso que as vítimas denunciem. “Vai ser uma forma de a gente mostrar que essas pessoas estão erradas”, afirma. Depois do caso de racismo, Kesseler afirma que algumas jovens pensaram em desistir do concurso por terem ficado muito abaladas, mas ele diz que é preciso dar uma resposta para os racistas e que essa resposta é não parando de desfilar.