Escrito en
DIREITOS
el
O nome do general Roberto Sebastião Peternelli foi rejeitado por lideranças indígenas e movimentos sociais. Peternelli apoiava o golpe de 64 e não tinha nenhum envolvimento prévio com a causa indígena. “A gente passou tempos de horrores na ditadura militar, quando vários indígenas foram assassinados”, lembrou o cacique Aruã-Pataxó
Por Redação
O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, disse nesta quarta-feira (6) que o general Roberto Sebastião Peternelli Júnior não vai assumir a presidência da Funai (Fundação Nacional do Índio). O militar havia sido indicado para o cargo pelo PSC.
"Não será ele o presidente da Funai. Nós já estamos em negociação com outro tipo de perfil, que já tenha histórico de diálogo com todas comunidades indígenas”, disse Moraes.
O nome do militar foi rejeitado por lideranças indígenas e movimentos sociais. Peternelli apoiava o golpe de 64 e não tinha nenhum envolvimento prévio com a causa indígena. De acordo com o cacique Aruã-Pataxó, o governo interino assumiu o compromisso de não nomear um militar para o cargo. “A gente passou tempos de horrores na ditadura militar, quando vários indígenas foram assassinados”, lembrou.
Moraes e outros integrantes do governo receberam nesta tarde, no Palácio do Planalto, seis representantes das etnias Tumbalala, Tupinamba e Pataxó, da Bahia, após um protesto dos indígenas em Brasília por demarcação de terra. A exigência das lideranças é de que a presidência da Funai seja ocupada por um indígena. Eles reivindicam também que sejam mantidas as demarcações e homologações feitas antes do afastamento da presidenta Dilma Rousseff.
Para o ministro da Justiça, a indicação de um indígena para a presidência esbarra na diversidade dos povos. “Até agora os nomes indicados pelas comunidades indígenas acabam parando neste obstáculo: a falta de um diálogo maior com todas as comunidades indígenas. Isso pode levar a um acirramento na demarcação.”
Porém o cacique Aruã-Pataxó disse que é possível sim chegar a um acordo entre os povos para indicação de um índio para o comando da instituição. “Acho que é possível as etnias chegarem ao consenso sobre o nome de um indígena para ocupar o cargo, desde que tenha perfil técnico, conhecimento na área, compromisso com a causa indígena e currículo em gestão pública.”
Segundo ele, os ministros também se comprometeram a não cortar cerca de 100 cargos na Funai que estavam ameaçados, e a demarcar as terras indígenas de Barra Velha, Tupinambá de Olivença e Tumbalalá.
Foto de Capa: Valter Campanato/Agência Brasil