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Em entrevista à Fórum, cartunista critica decisão de barrar campanha em São Paulo. “Provavelmente há gente comprometida com alguma parte desse esquema falido que é a tal guerra às drogas”, comenta após saber da decisão
Por Jeferson Stader
Através de estratégias criativas de comunicação, Angeli, Laerte, André Dahmer, Arnaldo Branco e Leonardo criaram uma campanha que aborda de maneira inteligente e corajosa um tema polêmico, cheio de tabus, mas que permeia todo sistema de segurança pública: a falida e lucrativa guerra às drogas.
No Rio de Janeiro correu tudo bem, mas em São Paulo esbarrou numa suspeita proibição. A informação que Larte recebeu era de que a campanha faz apologia às drogas e que seria um desrespeito aos policiais. 48 horas após a circulação nos ônibus da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU), todos adesivos da campanha foram retirados.
A cartunista Laerte foi uma das idealizadoras do projeto e teve conhecimento da censura através da mídia. “Foi uma surpresa para todas nós”, comenta. “Há várias empresas envolvidas aí. A empresa que faz o agenciamento da propaganda em ônibus, tem a agência que cuida dos ônibus em São Paulo, tem a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos e tem o governo do estado. Esse tipo de determinação na verdade passa pelo governo do estado. O que a gente pode entender? Que o Alckmin não conversou com Fernando Henrique Cardoso”, completa. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi personagem principal do documentário Quebrando Tabu e integra a Comissão Latino-Americana sobre Drogas e Democracia defendendo uma nova legislação a respeito do tema.
Cinco décadas depois do golpe militar, 47 anos após o Ato Institucional Número 5 e três décadas do início da redemocratização, o livre debate ainda é um tabu. Larte lamenta: “Como a gente pode esperar algum tipo de esclarecimento quando uma das partes que argumenta é proibida de se manifestar?”
Para a cartunista, enquanto o debate não avança, quem acaba sofrendo é quem sempre recebeu o peso e as balas do Estado, ou seja, a população mais pobre. A assessoria de comunicação do governo do estado informou à reportagem que a responsabilidade é da EMTU. A empresa disse através de sua assessoria que a responsabilidade é da Intervias. Esta informou que a responsabilidade é da empresa que faz publicidade nos ônibus, entretanto não soube informar o nome da empresa.
Confira entrevista com Laerte: