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Fotógrafo Sérgio Silva perdeu a visão do olho esquerdo após levar um tiro de bala de borracha durante protesto em 13 de junho de 2013, até o momento ninguém foi responsabilizado. Exposição fotográfica e peça teatral lembram a repressão policial daquele período
Por Jeferson Stader
Numa calçada, na esquina da Maria Antonia com a Consolação, Sérgio Silva abre sua pasta e começa a mostrar a série fotográfica "Piratas Urbanos". Dois anos após a repressão policial que lhe custou a visão de seu olho esquerdo, bem no mesmo dia e horário, ele começa a colar algumas imagens na parede. Os retratos são de pessoas usando tapa olho. A maior parte pediu para ser fotografada, algumas enviaram suas imagens. “São cerca de 160 fotos ao todo”, comenta.
Aos poucos, alguns jornalistas e fotógrafos vão chegando para assistir “A ordem partiu de quem?” A autora do texto da apresentação, Maria Tereza, explica que o ato naquele espaço é “muito mais do que meramente apresentar a peça. É apresentar uma homenagem mesmo, para que a gente não se esqueça, para que a gente se manifeste no sentido de dizer um basta à violência policial”.
Entre as fotografias da série estão alguns nomes conhecidos como Sebastião Salgado e Laerte, outros são desconhecidos. A família foi quem deu mais apoio para que o fotógrafo voltasse a usar sua câmera e lidar melhor com a situação da deficiência visual. No ensaio, é possível ver fotos de sua mãe, esposa e filhas com expressões que transparecem muito bem o impacto da força do Estado.
A lentidão do Poder Judiciário, um segundo ato de violência
“Vou ter que esperar que o Estado reconheça o seu erro”, lamenta Sérgio. O processo que o fotógrafo abriu ainda não saiu da gaveta, ele pede indenização por dano físico e moral. “O meu advogado pediu na época uma antecipação de tutela pelos custos que tive com hospital, medicamento e transporte. Isso o juiz já negou falando que eu não tinha como provar que foi a Polícia Militar que me atingiu.”
Dentro da corporação, a investigação interna também não avançou , segundo o fotógrafo. “Estão investigando o que eles chamam de possíveis abusos da Polícia e o meu processo entrou nessa fila. Eu estive diante do corregedor, ele ouviu minha história e alegou que a PM não fez nenhum trabalho de investigação porque eu não tinha feito Boletim de Ocorrência”, comenta Sérgio.
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