Nina Madsen, socióloga e integrante do Colegiado de Gestão do CFEMEA, analisa a sanção integral pela presidenta Dilma Rousseff do projeto que regulamenta o atendimento de saúde às vítimas de estupro
Por Nina Madsen, do CFEMEA
[caption id="attachment_28244" align="aligncenter" width="600"] (Foto: Marcelo Camargo / ABr)[/caption]Têm sido escassos os nossos motivos de comemoração nos últimos tempos; raras as nossas oportunidades de exercitar o otimismo; menos e menos frequente o sentimento de estarmos representadas por aquelas e aqueles nos quais votamos para nos representarem.
Ontem, porém, com a sanção integral do PLC 03/2013, algo novo parece ter brotado dos abundantes gramados da Esplanada dos Ministérios. Um sonoro e retumbante Basta! – foi esse o grito que nos alcançou e nos encheu de alívio.
A sanção do PLC 03/2013 é uma lufada de esperança em meio a uma tempestade de absurdos que já parecia não ter fim. Esperança de que a justiça social e os direitos humanos prevaleçam sobre o ranço misógino, racista e homofóbico que se instalou no país; esperança de que a vida, a dignidade e a autonomia das mulheres sejam respeitadas, garantidas e protegidas por nosso Estado (Laico!!!!!). Esperança de que noss@s governantes tenham coragem de erguer suas vozes conosco para fazerem valer nossos direitos, os direitos de tod@s. Esperança de que a história compartilhada entre movimentos e partidos, que construíram a democracia fundada nos direitos humanos nesse país, não seja esquecida nem renegada por oportunismos eleitorais.
A sanção do PLC 03/2013 nos diz que é sempre tempo de lutar e que nossa luta deve manter intacto e íntegro o seu sentido. Estamos lutando por nossas vidas, pelas vidas de todas as mulheres brasileiras. E não iremos retroceder.
Queremos entender essa decisão da Presidenta Dilma Roussef como um Basta! ao conservadorismo e ao oportunismo político. Um Basta! aos fundamentalismos, um Basta! àqueles que pensam que a vida das mulheres não vale nada, um Basta! à misoginia, ao racismo, à homofobia.
Esse é o grito engasgado que precisamos dar. É nosso grito de liberdade. É nossa possibilidade real e tangível de resgatar o sentido histórico e político da democracia que vimos construindo até aqui. Esperamos que, a partir daqui, ele ecoe e se amplifique em muitas, novas e velhas vozes. Basta!!!
Nina Madsen - Socióloga e integrante do Colegiado de Gestão do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (CFEMEA)