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No aniversário da morte da missonária, data de julgamento de um dos mandantes do crime é anunciada. Outro fazendeiro está preso preventivamente e aguarda decisão semelhante
Por Redação
Militante da Pastoral da Terra, Dorothy Stang, também conhecida como Irmã Dorothy, morava no Brasil desde 1966 e lutava pela reforma agrária e pela minimização dos conflitos no campo, no Pará. Em 12 de fevereiro de 2005, seu corpo foi encontrado em uma estrada de difícil acesso no município de Anapu, com seis tiros no corpo. Apesar de não ser o único de caso morte decorrente de conflitos agrários na região, seu assassinato ficou marcado pelo seu papel na comunidade, a forma como foi morta e o julgamento de seus assassinos e dos mandantes do crime.
Até hoje já foram presos e julgados os executores confessos Rayfran das Neves Salves e Clodoaldo Batista, e o intermediário Amair Feijoli da Cunha, também conhecido como Tato. Os mandantes, no entanto, ainda não foram julgados em definitivo, apesar de estarem presos. São eles Regivaldo Galvão e Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida.
Hoje, 12, saiu a decisão do juiz da segunda vara do Tribunal de Justiça do Pará, marcando a data do julgamento do Bida para 31 de março. Ele havia se entregado à Polícia Civil do Pará no último dia 6 de fevereiro após o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) negar o pedido de habeas corpus que o mantinha em liberdade. Seu advogado, Eduardo Imbiriba de Castro, já afirmou que entrará com novo pedido de habeas corpus, desta vez no Supremo Tribunal Federal (STF).
Já Regivaldo está preso preventivamente por ter negociado terras de Bida, que o ligariam ao assassinado da Irmã Dorothy. O fazendeiro agora aguarda do STJ a resolução do dia de seu julgamento.
O fazendeiro acusado de ser o mandante do crime foi acusado recentemente de utilizar em suas terras trabalho escravo pelo Grupo Móvel de Repressão ao Trabalho Escravo, da Procuradoria do Trabalho, e de desmatar ilegalmente a floresta amazônica, segundo o Ibama. A Irmã Dorothy já tinha se posicionado contra o interesse de fazendeiros da região principalmente após participar da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre a violência no campo, denunciando o quadro de impunidade que agravava os conflitos agrários e o desrespeito dos grileiros às terras demarcadas.
Irmã Dorothy trabalhou com a formação dos trabalhadores rurais da região e na luta pela reforma agrária. Ela foi responsável pela fundação da Escola Brasil Grande, que realiza formação de professores na rodovia Transamazônica e também chegou a se engajar na criação dos PDS, modelo de assentamento baseado na produção agrícola familiar, com atividades extrativistas de subsistência e de baixo impacto ambiental. A missionária já tinha recebido ameaças de morte por conta de seu trabalho ao lado dos sem-terra.
Hoje foi realizado um ato ecumênico em frente ao Tribunal de Justiça do Pará, na Almirante Barroso, para lembrar sua morte. A cerimônia, organizada pelo Comitê Dorothy Stang, contou com falas, cantos e debates.
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