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Derrota de Lula? Não, vitória dos ricaços - Por Elvino Bohn Gass

Os mesmos que vivem dizendo “ninguém mais aguenta imposto”, são os que se negam a aprovar a isenção do IR de quem ganha R$ 5 mil e aprovaram isenções fiscais de R$ 800 bilhões para setores privilegiados da economia.

Hugo Motta com o líder do PL, Sóstenes Cavalcante, e bolsonaristas na sessão contra mudanças no IOF.Créditos: Bruno Spada/Câmara dos Deputados
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O governo Lula tem trabalhado para fazer uma coisa simples e justa: cobrar mais de quem tem muito e aliviar a vida de quem trabalha duro todo dia. É Lula cumprindo a sua promessa de “botar o pobre no orçamento e rico no Imposto de Renda”.

Mas, no Congresso, a história é outra. Toda vez que o governo tenta mexer nos privilégios dos bilionários, que pagam pouco ou zero de imposto, vem um grupo de deputados e senadores para defender os de cima — e barrar o que seria justo para o povo.

O ministro da Fazenda,  Fernando Haddad, tem sido transparente: o governo quer cobrar imposto dos fundos exclusivos (aquele dinheiro que só milionário tem guardado), taxar a grana escondida em paraíso fiscal, as bets e os bancos, cortar as isenções absurdas que grandes empresas ganham sem dar retorno pro Brasil, e acabar com os “presentões” que sugam o dinheiro público, incluindo os rentistas. 

E o governo Lula ainda propôs isenção de Imposto de Renda pra quem ganha até R$ 5 mil por mês — o que seria um baita alívio para 20 milhões de brasileiros.

Mas, no Congresso, a história é outra. Derrubaram vetos do Lula, mantiveram isenções bilionárias e barraram propostas justas. Os mesmos que vivem dizendo “ninguém mais aguenta imposto”, são os que se negam a aprovar a isenção do IR de quem ganha R$ 5 mil e aprovaram isenções fiscais de R$ 800 bilhões para setores privilegiados da economia. Incoerência? Contradição? Não, é escolha política. Eles estão lá para isso: defender os ricaços. 

Então, sejamos diretos: manchetes do tipo “Congresso impõe derrota a Lula”, não dizem tudo. Informariam melhor se dissessem “Congresso impõe vitória dos ricos”.

É inegável que a eleição de 2026 já começou. E que o objetivo de quem vota contra o governo é enfraquecer Lula. O que está em jogo é: que governo o Brasil terá a partir de 2027? Um governo que enfrenta os privilégios e defende oportunidades para o povo? Ou um governo que, protegendo os ricaços, mantém a velha e triste verdade de que o Brasil, apesar de ser um país rico, é um campeão em desigualdade? 

*Elvino Bohn Gass é deputado Federal (PT/RS), vice-líder do governo Lula no Congresso Nacional

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