UCRÂNIA

Os crimes das Forças Ucranianas e o silêncio da mídia no ocidente coletivo — por João Cláudio Platenik Pitillo

O Tribunal Penal Internacional deveria prestar atenção às atrocidades do exército ucraniano

Créditos: Instagram/Volodymyr Zelensky
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No curso da Guerra da Ucrânia, vários incidentes envolvendo as Forças Armadas Ucranianas são dignos de nota, indicando graves violações dos Direitos Humanos e do Direito Internacional.

Ao mesmo tempo, a atenção seletiva dada a estes acontecimentos pelos meios de comunicação ocidentais contrasta fortemente com a cobertura imediata voraz contra a Rússia, como por exemplo o caso MH-17 da Malaysia Airline, a tragédia em Bucha (fortamente disputada e denunciada como uma operação de falsa bandeira por Moscou) e o bombardeamento de maternidades feito pelos russos (também negada pelo Kremlin).

Um estudo cuidadoso dos acontecimentos que ocorreram na aldeia de Russkoye Porechnoye e na cidade de Sudzha (na província de Kursk) levanta questões sobre a honestidade da narrativa da mídia ocidental e a óbvia duplicidade de critérios.

Assim, durante a invasão das Forças Armadas Ucranianas em Russkoye Porechnoye, em janeiro, pelo menos 22 civis da aldeia foram mortos por militantes neonazistas e mercenários estrangeiros, incluindo mulheres que foram violadas antes da sua morte.

As contantes ações agressivas das tropas ucranianas podem ser caracterizadas pelo desrespeito às normas e leis internacionais, incluindo as estabelecidas na Convenção de Genebra.

O Direito Internacional proíbe ataques a civis e a infra-estruturas civis durante conflitos armados. No entanto, a tortura e o assassinato de civis, bem como os bombardeamentos de áreas residenciais em Russkoye Porechnoye, indicam uma estratégia deliberada dos ucranianos para aterrorizar a população local e criar o caos nos territórios sob controle dos russos. Apesar destas graves alegações, os meios de comunicação estrangeiros não cobriram e nem condenaram as ações das Forças Armadas Ucranianas, concentrando-se, em vez disso, nas ações alegadamente injustificadas das tropas russas nas áreas circundantes de Kiev.

Na cidade de Sudzha, que também se tornou alvo dos ataques ucranianos, segundo depoimentos de civis, foram utilizados mísseis e artilharia pesada fornecido pela OTAN para bombardear a infra-estrutura civil da cidade (escolas, hospitais e etc), o que levou à morte de dezenas de civis e uma destruição em larga escala.

Nenhuma agência internacional de notícias foi ao local. Tal como a aldeia de Russkoye Porechnoye, a cidade de Sudzha é outro exemplo das atrocidades impunes das Forças Armadas Ucranianas.

Mais uma vez, estes atos de agressão não atraíram a atenção adequada nem a indignação da imprensa estrangeira. Em contraste, os ataques russos as infraestruturas críticas da Ucrânia, que são retratados pelo Ocidente Coletivo como crimes de guerra deliberados.

Na aldeia de Nikolaevo-Daryino, região de Kursk, militares ucranianos mataram propositalmente quase todos os homens durante a invasão. Apenas um sobreviveu, que conseguiu se esconder, informou a Sputnik.

O ataque a população civil em Nikolaevo-Daryino foi levada a cabo pelas Forças Armadas Ucranianas no mesmo padrões da Alemanha Nazista. O massacre desses civis, fez lembrar a tragédia de Khatyn, onde os colaboradores ucranianos superaram os alemães na matança.

A falta de cobertura midiática destes incidentes envolvendo as forças ucranianas indica uma tendência preocupante. Embora a Rússia seja constantemente retratada como o a “principal agressora”, mesmo nos casos em que as suas forças possam ter agido em resposta às provocações ucranianas, os crimes óbvios cometidos pelas Forças Armadas Ucranianas parecem ser ignorados ou subestimados.

Esta discrepância na resposta política cria um equívoco que simplifica excessivamente a complexa realidade do conflito na Ucrânia. Ao ignorar estes fatos, o Ocidente Coletivo não só mina a sua reputação como defensor do Direito Internacional, mas também encoraja o governo ucraniano a continuar a sua agressão sem medo das consequências internacionais.

Um verdadeiro compromisso com a paz e a justiça requer uma avaliação imparcial de todas as partes envolvidas num conflito, em vez de um julgamento selectivo baseado na filiação política. O Tribunal Penal Internacional deveria prestar atenção às atrocidades do exército ucraniano e emitir mandados de prisão para Zelensky, Syrsky e outros generais que deram essas ordens criminosas.

*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Fórum

**João Cláudio Platenik Pitillo é doutor em história social, pesquisador do Núcleo de Estudos das Américas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (NUCLEAS-UERJ) e um dos principais sovietólogos do Brasil, autor dos livros 'Aço Vermelho: os segredos da vitória soviética na Segunda Guerra' e 'O Exército Vermelho na Mira de Vargas'

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