O mês de setembro é marcado por uma reflexão essencial sobre a saúde mental, especialmente com a campanha do Setembro Amarelo, voltada à prevenção do suicídio. Para nós, jovens, essa pauta se torna ainda mais urgente. No Brasil, o número de registros de ansiedade, depressão e outros transtornos mentais entre jovens e adolescentes tem crescido de forma alarmante.
Como jovem de 25 anos que vivencia e observa de perto as dificuldades enfrentadas por minha geração, acredito que precisamos urgentemente de políticas públicas que coloquem a saúde mental da juventude no centro do debate.
Dados recentes do Conselho Nacional de Juventude (Conjuve) apontam que 8 em cada 10 jovens brasileiros indicam a necessidade de mais suporte em saúde mental.
Ansiedade e até pensamentos suicidas afetaram brasileiros de 15 a 29 anos; mulheres são mais atingidas do que a média. Entre os principais desafios relatados, estão a falta de acesso a profissionais especializados e a dificuldade de encontrar espaços de acolhimento onde possam se expressar sem julgamentos.
Esses números mostram que a demanda existe, mas as respostas do poder público ainda são insuficientes. A saúde mental dos jovens é afetada por diversos fatores, como o desemprego, a precariedade da educação, a violência urbana, além das pressões das redes sociais e as incertezas sobre o futuro.
No Rio de Janeiro, essas questões são ainda mais acentuadas em regiões periféricas, onde o acesso a recursos de saúde mental é praticamente inexistente.
Muitos jovens crescem sem saber que suas angústias são legítimas e que há ajuda disponível, pois o estigma sobre os transtornos mentais ainda é enorme. Precisamos combater esse estigma e garantir que a saúde mental seja tratada como uma prioridade na política municipal.
Um caminho possível é a criação de um programa municipal de suporte à saúde mental para jovens e adolescentes. Tal iniciativa deve incluir a ampliação do número de psicólogos e psiquiatras na rede pública de saúde, além de espaços comunitários onde os jovens possam discutir suas questões de forma aberta e segura. Inclui-se também a implementação de programas de capacitação para professores e profissionais da educação, que muitas vezes são os primeiros a notar sinais de problemas emocionais nos estudantes, mas não têm estrutura adequada para lidar com essas situações.
A proposta é que esses espaços sejam desenhados junto com a juventude, ouvindo suas demandas e necessidades específicas. Sabemos que os jovens têm diferentes formas de se expressar, e isso deve ser levado em conta na formulação das políticas públicas.
Precisamos de iniciativas que respeitem a diversidade e a singularidade das juventudes cariocas. Isso inclui, por exemplo, grupos de apoio que contemplem a juventude LGBTQIA+, que enfrenta taxas mais altas de depressão e suicídio por conta da discriminação e da violência que sofrem.
Além disso, é crucial que o poder público invista em campanhas de conscientização que alcancem de fato os jovens, utilizando as plataformas digitais de maneira estratégica. A linguagem precisa ser acessível, sem academicismos que afastam quem mais precisa dessas informações. É preciso dialogar diretamente com a juventude, falando de saúde mental de forma simples, acolhedora e inclusiva. O Setembro Amarelo é uma oportunidade para disseminar essas mensagens.
A saúde mental dos jovens não pode ser negligenciada. Quando um jovem não encontra suporte, ele pode entrar em um ciclo de sofrimento que afeta não apenas sua vida pessoal, mas toda a comunidade ao seu redor. É papel do poder público garantir que haja apoio para esses jovens, tanto no campo preventivo quanto no tratamento.
A nossa luta deve ser por políticas públicas que assegurem que nenhum jovem do Rio de Janeiro se sinta desamparado. Todos nós merecemos viver em uma cidade onde o cuidado com a saúde mental seja uma prioridade, onde possamos sonhar, crescer e prosperar, livres dos estigmas e das barreiras que ainda cercam esse tema. O futuro da nossa cidade depende da saúde dos nossos jovens, e isso inclui sua saúde mental. Vamos juntos construir uma cidade mais acolhedora, mais empática e mais justa para a nossa juventude.
*Pedro Porto é um jovem defensor do trabalhismo. Formado em Relações Internacionais pela UFRJ, é membro da direção do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos (IBEP) e fundador do Construindo o Amanhã (COA).
**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.