Os Jogos Olímpicos sempre promoveram a união entre os povos e o mais importante do espírito esportivo: o respeito, a ética, a superação e a diversidade da população de cada país. Tudo isso é muito bonito no papel, mas na prática vemos outra realidade. Os interesses políticos de poucos países são sobrepostos e atendidos, enquanto outros são ignorados. A Rússia foi excluída de Paris 2024 por causa da guerra na Ucrânia e Israel pode disputar, mesmo matando 16 mil crianças. Lembrando que o Comitê Olímpico Internacional (COI) não suspendeu os EUA quando jogaram as bombas nucleares em Hiroshima e Nagasaki. Medalha de lata para esse comitê seletivo.
Israel aproveitou essa passada de pano e colocou como porta-bandeira Peter Paltchik, que ficou conhecido por autografar bombas lançadas na Faixa de Gaza. Paris fica marcada como as Olimpíadas da publicidade do maior genocídio televisionado da história.
Um ponto importante para avaliação do COI para a suspensão de uma delegação é a Carta Olímpica, conjunto de regras e guias para a organização dos Jogos Olímpicos. Segundo o documento, um país não pode impedir outro país de realizar a sua preparação para os jogos. Desde o início do genocídio mais sangrento da história em outubro de 2023, o exército israelense usa o Estádio Yarmouk, em Gaza, para manter presos palestinos.
Em 295 dias de massacre realizados por Israel, são estimados pelo Comitê Olímpico Palestino que 300 atletas foram mortos. Estamos chegando a 40 mil mortos no total, sendo 16.251 crianças e 10 mil mulheres assassinadas. Todas as universidades na Faixa de Gaza estão destruídas e 34 dos 35 hospitais não funcionam.
Mesmo com todas as condenações de tribunais internacionais e da ONU provando que Israel está cometendo diversos crimes de guerra, fica a pergunta: por que Israel está disputando as Olimpíadas?
Outro ponto essencial dos Jogos Olímpicos é a chamada Trégua Olímpica, que prevê a suspensão de conflitos armados durante os sete dias anteriores ao início dos Jogos Olímpicos e sete dias após o final dos Jogos Paralímpicos. A violação da Trégua Olímpica em 2022 foi justificativa para o COI suspender Rússia e Belarus.
É sempre importante relembrar que nas Olimpíadas de Atlanta 1996 a bandeira da Palestina foi vista na cerimônia de abertura pela 1ª vez na história olímpica. Foi carregada pelo corredor de longa distância Majed Abu Maraheel, que em junho morreu em Gaza como consequência dos ataques de Israel.
Dois pesos e duas medidas. Assim ficará marcado os jogos olímpicos de Paris. O que poderia ser exemplo da paz mundial e da união entre os povos, fica marcado como plataforma para divulgação do genocídio sionista contra os palestinos. Esporte e política se misturam, sim, e em 2024 vem para o pior. Viva a Palestina e toda sorte para os 7 atletas que representarão a resistência de um povo que sofre há 76 anos.
*Padre João é deputado federal (PT-MG) e Leleco Pimentel é deputado estadual (PT-MG)
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