O bolsonarismo, movimento político associado ao ex-presidente Jair Bolsonaro, apresenta características que remetem ao fascismo, conforme apresentado por diversos analistas. Entre os elementos identificados estão a apologia à ditadura militar, a defesa da tortura, manifestações de homofobia, racismo, misoginia, disseminação de notícias falsas e desprezo pela vida humana.
A defesa do regime militar brasileiro (1964-1985) é uma constante no discurso bolsonarista. Bolsonaro, em diversas graças, elogiou o período ditatorial e minimizou os crimes cometidos, incluindo a tortura. Em 1999, afirmou que “o erro da ditadura foi torturar e não matar”. Essa postura reflete uma tentativa de reescrever a história, legitimando práticas autoritárias e violentas.
Declarações que evidenciam o desprezo pela vida e pela verdade
Jair Bolsonaro e políticos alinhados a ele frequentemente revelam desprezo pela vida em suas falas públicas. Entre os exemplos mais emblemáticos:
-Bolsonaro comemorou a pandemia de Covid-19 como uma oportunidade de “economizar na Previdência”, ao dizer em março de 2021: “Chega de mimimi! Vão ficar chorando até quando?”.
-Ele também afirmou que não era “coveiro” quando questionado sobre as mortes pela doença, evidenciando insensibilidade frente à tragédia humana.
-Bolsonaro também sempre elogiou e homenageou policiais militares com histórico de violência e ligados à milícia carioca, e declarou que “bandido bom é bandido morto”.
-Carla Zambelli (PL), aliada de Bolsonaro, perpetuou inúmeras notícias falsas, como a alegação falsa de que a eleição de 2022 havia sido fraudada, contribuindo para atos golpistas.
-O deputado bolsonarista Daniel Silveira foi preso após incitar publicamente a violência contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), atacando Alexandre de Moraes nas redes sociais e indicando que ele seria fisicamente atacado.
Uso sistemático de notícias falsas contra urnas eletrônicas
O Partido Liberal (PL) abusou da desinformação em suas campanhas, especialmente ao tentar desacreditar o sistema eleitoral brasileiro. A base bolsonarista propagava incessantemente a mentira de que as urnas eletrônicas eram inseguras, sem apresentar qualquer prova. Mesmo após sucessivas auditorias que atestaram a confiabilidade do sistema, o PL entrou com uma ação absurda no TSE para anular parte das urnas, sendo multado por litigância de má-fé.
Bolsonaristas presos ou processados
Diversos políticos a apoiadores bolsonaristas enfrentaram processos ou foram presos por desrespeitar a legislação eleitoral e incitar atos antidemocráticos:
Daniel Silveira: Preso por ataques verbais violentos contra ministros do STF.
Roberto Jefferson: Envolvido em ataques à imprensa e ao STF, chegando a usar explosivos contra agentes da Polícia Federal.
Carla Zambelli: Processada por divulgar fake news e por portar arma de fogo durante perseguição a um homem negro, em pleno período eleitoral.
Oswaldo Eustáquio: Investigado por divulgar notícias falsas e incitar atos antidemocráticos.
Ataques à memória e à dignidade de Marielle Franco
A vereadora Marielle Franco, assassinada brutalmente em 2018, tornou-se alvo de constantes ataques por parte de Bolsonaro, sua família e aliados. Esses indivíduos comemoraram sua morte e vilipendiaram sua imagem por meio de mentiras absurdas, incluindo acusações de envolvimento com organizações criminosas, numa tentativa de desmoralizar sua luta pelos direitos humanos e pela justiça social.
Golpismo explícito: Plano de assassinatos e ataques às instituições
Uma tentativa de golpe de Estado promovida por aliados de Bolsonaro ultrapassou os limites da irresponsabilidade e entrou no campo do terrorismo. Entre os planos investigados estavam:
-O plano da morte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro do STF Alexandre de Moraes. As investigações revelaram que grupos armados planejavam usar explosivos e realizar ações coordenadas para desestabilizar o governo democraticamente eleito.
-O explícito apoio militar da ativa e reserva e de civis à invasão do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do STF em 8 de janeiro de 2023, num ataque brutal à democracia brasileira, que deixou um rastro de destruição física e simbólica.
O bolsonarismo e sua essência antidemocrática
Esses elementos configuram um movimento que compartilha a essência autoritária, intolerante e antidemocrática do fascismo. A combinação de apologia à violência, desrespeito às instituições, ataques diretos à democracia e disseminação de mentiras representa uma ameaça gravíssima ao Estado de Direito no Brasil.
Os que foram avisados são vítimas de suas próprias existências
O bolsonarismo e seus apoiadores repetidamente ignoraram os alertas de que a democracia brasileira não seria tolerante com atos golpistas, discursos de ódio e desrespeito aos direitos humanos. Alertados por especialistas, pela imprensa e por órgãos de justiça, insistiram em abraçar a intolerância e o autoritarismo, mergulhando em narrativas que os isolaram da realidade.
Aqueles que cultivaram mentiras, ódio e violência agora enfrentam as consequências de suas escolhas. Muitos presos, processados ??ou desmoralizados politicamente. Como vítimas de suas próprias existências, pagam o preço de uma ideologia que negou a convivência democrática, a verdade e a dignidade humana.
O Brasil, por sua vez, segue em frente, aprendendo com os erros e reafirmando seu compromisso com um futuro onde a memória dos abusos e crimes cometidos pelo bolsonarismo sirva de exemplo para nunca mais permitir que o fascismo se enraíze novamente no tecido social. Que golpistas do andar de cima sejam firmemente punidos.
*Danilo Tavares é produtor cultural, funcionário público municipal, secretário de comunicação do PSOL de São Vicente, membro do Fórum de Economia Solidária da Baixada Santista e diretor da Casa Crescer e Brilhar (São Vicente).
**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.