ELEIÇÕES

Possível candidata a vice de Boulos, Juliana Cardoso sofre ataques da mídia tradicional – Por Mateus Muradas

Juliana está em seu primeiro mandato federal, é a única mulher da bancada do PT de SP e a única descendente de indígenas dentre os deputados do partido

Juliana e Boulos.Créditos: Reprodução/Redes Sociais
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Recentemente, os jornais Metrópoles e Folha de S.Paulo publicaram matérias levantando hipóteses de que parlamentares petistas estariam tramando um "apoio velado" ao prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB). Dentre os parlamentares elencados na reportagem, está Juliana Cardoso, possível indicação do PT para vice-prefeita, na candidatura de Guilherme Boulos (PSOL). Até mesmo o influenciador de esquerda João Antonio Marques endossou as falsas acusações e elevou o tom contra a deputada. Mas, afinal, por que a mídia tradicional estaria atacando a postulante a vice-prefeita?

Juliana está em seu primeiro mandato como deputada federal, é a única mulher da bancada do PT de São Paulo e a única descendente de indígenas dentre os deputados do partido. Foi eleita em 2022, com aproximadamente 125 mil votos, após quatro mandatos de vereadora em São Paulo. A deputada entrou na disputa interna dentro do PT para indicar seu nome a vice-prefeita na candidatura de Boulos.

As acusações trazidas pelas reportagens apontam que Juliana participou de eventos públicos com Ricardo Nunes sobre o início das obras de uma UPA, no bairro da Sapopemba, na Zona Leste paulistana. Porém, as matérias ocultam o fato de que a deputada articula há décadas a luta por um equipamento de saúde nesta região, demanda histórica do movimento popular de saúde.

A deputada tem sua história política vinculada à Zona Leste paulistana, em especial à região de Sapopemba. Logo, seria absolutamente normal a parlamentar acompanhar o encaminhamento de suas demandas na região, não fosse o fato de Juliana estar em disputa interna do PT, pela indicação do partido a vice na chapa com Boulos.

Além deste vínculo, Juliana é amiga pessoal de Boulos, sendo ela a primeira deputada federal do PT a declarar apoio, publicamente, ao candidato do PSOL. Mesmo antes de Boulos concorrer às eleições, Juliana apoiava as ocupações do movimento MTST. A parlamentar chegou a acampar junto aos militantes, tamanho é o vínculo de Juliana e Boulos.

Todos esses elementos chamam a atenção sobre por que a mídia tradicional estaria tentando descredenciar Juliana Cardoso ao posto de vice de Boulos. Seria pelo fato de ser mulher? Ou por ser descendente de indígenas? Ou mesmo por ser moradora e ter construído sua luta política nas periferias, em especial na Zona Leste?

O fato é que o nome de Juliana está crescendo no congresso interno do PT, falas sobre o perfil ideal da indicação ser o de uma "mulher, indígena e de periferia" tem crescido no partido.

Guilherme Boulos é um professor de filosofia, psicanalista, morador da extrema Zona Sul, militante do movimento MTST e deputado pelo PSOL, com ótima penetração eleitoral nas classes médias de São Paulo.

Juliana Cardoso é uma educadora social, que fez sua trajetória política na Zona Leste, vinculada à Igreja Católica e às comunidades eclesiais de base, aos movimentos sociais, deputada pelo PT, descendente de indígenas e com ótima penetração nas periferias.

Parece que este casamento político entre a petista e o psolista já tem data marcada, mas começa a incomodar os jornalões, a elite paulistana e setores sectários do próprio PT e PSOL. Com a aliança política entre os dois partidos, com estes nomes, certamente a esquerda virá fortíssima para o processo eleitoral. Aguardemos os próximos capítulos.

* Mateus Muradas é poeta, integrante do Fórum Social da Zona Leste e conselheiro municipal de políticas urbanas.

**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.