Janeiro de 2003, o governo do presidente Lula cria o programa “Fome Zero”! Um conglomerado de programas que visava o fim da fome no Brasil.
A fome foi, por séculos, a companhia fiel de milhões de brasileiros. Luiz Inácio sentiu seu vazio. Aquele menino comeu seu primeiro pão aos 7 anos de idade.
Ela, a fome, era no Brasil uma mera vitrine, uma capa de revista que contava a Faria Lima que "10 mil brasileiros morreram de fome este mês", dizia a IstoÉ. A fome já foi proposta de turismo. Quiseram levar o sulista para beber whisky enquanto apreciava a desnutrição.
Fora necessário que um pernambucano saísse daquele sertão, daquela miséria que Fabiano nos conta, e fosse buscar seu primeiro diploma no congresso para que a fome tivesse fim. Fico pensando na cara dela, da fome, quando viu que, mesmo tendo castigado aquele filho da Dona Lindú, não fora suficiente para pará-lo. Com certeza ela tremeu mais do que aqueles que disputavam palma com o gado (o quadrúpede).
Lula fez jus ao nome do programa e decretou fome zero no Brasil! Mas, o que seria de nossa "elite" (leia “parasita”), escravagista sem a fome do povo, né? Num deu outra! Golpe! Golpes!
A fome, toda saltitante, reconheceu seu velho aliado no Planalto, o neoliberalismo! Desta vez este chegou com um grande aliado, o pentecostal! Deu-se a fé na ignorância! A fome estava com as portas abertas para voltar de seu exílio.
E chegou com força! Metendo o pé na porta dos desguarnecidos. Milhões passaram a duvidar que comeriam no dia seguinte. Não adiantava rogar a Deus, ele estava fazendo arminha e esqueceu de sua função. Rogaram a quem lhe salvou da última vez, à Painho!
Mas painho havia sido trancafiado. Seu crime? Dar dignidade ao povo! Onde já se viu isso?! Fora preciso esperar. Mas, se tem uma coisa que não espera é uma barriga vazia. Se tem uma coisa que dói é um filho pedindo um pão sem ser atendido.
De repente, viu-se Luiz no fim do túnel! Aquela estrela voltou a guiar a nação. Lula estava de volta nos braços do povo que, juntos, se propuseram a unir força contra o antagonismo, contra a víbora fascista que zombava da morte enquanto a promovia.
Naquele primeiro de janeiro a esperança subiu a rampa de braços dados com o povo, guiados pela resistência! E, lá do alto daquele Planalto soou a voz, trêmula, mas firme, que a fome tanto teme: a de Lula, avisando que cada brasileiro voltará a ter respeitado o direito básico de comer.
A mesa foi posta e recebeu um ilustre convidado: o CONSEA! A participação popular no combate à fome. O direito à segurança alimentar raiou nas geladeiras do nosso povo. O CONSEA voltou e a fome já está arrumando as malas para ir embora. Sabe muito bem que com aquele Pernambucano e com o povo organizado ela não tem vez. Quem sabe vá visitar Orlando, de férias com o ex, tão amado ainda por ela. Mas o caso é que por aqui, em terras de CONSEA, não haverá lugar para a fome.
Bendita seja aquela estrela que aterroriza a miséria e o bilionário escravista. Bendita seja Dona Lindú: "Persista, meu filho! Persista!"
Bendito seja o povo, unido e organizado, que não desiste do direito humano ao pão e a terra!
E que sorte termos de ter, de mãos dadas a nós, o MST, que soube ouvir as palavras do "dai de comer a quem tem fome" e trata tão bem nossa terra para isso.
Tá aí o caminho; de mãos dadas com a dignidade e botando pra correr a danada da fome!
Bem vindo de volta, velho amigo. Bem vindo de volta, CONSEA!
*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.
**Lucas Caetano Teles Cardoso é historiador, produtor cultural e articulador estadual do Movimento Nacional dos Direitos Humanos (MNDH-MG)