É LULA!

Vencer no 1º turno: Os desafios da reta final de campanha – Por Thiago Duarte Gonçalves

Temos dois dias! É arregaçar as mangas e conversar com todos a nossa volta; uma campanha massificada de vira voto é o melhor que temos a fazer

Ganhar no primeiro turno é dificultar a ruptura institucional.Créditos: Ricardo Stuckert
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Há uma onda a favor de encerrar as eleições presidenciais no primeiro turno. Muitos artistas, atletas, personalidades, que não votariam em Lula a princípio, entraram na campanha “vira voto”, pois reconheceram a ameaça neofascista de Bolsonaro e não querem dar mais quatro 4 semanas de tensionamento institucional para o país. As pesquisas refletem esse sentimento com um pequeno crescimento de Lula, que pode ser o suficiente para a vitória em primeiro turno.

Sabemos que o bolsonarismo não acaba em outubro, independentemente do resultado no dia 2. Ele sempre existiu na sociedade: são herdeiros do Brasil-Colônia, da monarquia, da escravidão, da ditadura militar e de tudo que há de atraso no Brasil. A diferença é que durante a década de 90/2000, a direita clássica/PSDB (“moderada”) hegemonizava politicamente os conservadores e não havia espaço para mais rompimento institucional, além dos limites construídos com o Golpe Jurídico-parlamentar de 2016. Para derrotar o bolsonarismo, precisaremos avançar na organização popular no próximo período. Derrotar Bolsonaro no primeiro turno é fundamental para atingir este objetivo.

A estratégia de Bolsonaro é, perdendo, criar um sentimento na sua base (no mínimo) e na sociedade de que houve fraude eleitoral, para coesionar seus seguidores e continuar hegemonizando a direita, tornando-se uma alternativa eleitoral daqui a quatro anos. Isso é o básico. Utilizará de problemas pontuais/isolados ou de muita mentira em forma de vídeos para deslegitimar o pleito eleitoral. “Se tiver clima”, tentará o golpe.

Ganhar no primeiro turno é dificultar a ruptura institucional, pois o questionamento seria a todo o processo eleitoral, inclusive de deputados e senadores, e não apenas ao presidencial. Será mais difícil Bolsonaro conseguir apoio entre os seus e na sociedade. Além disso, dá condições a Lula de não precisar de acordos programáticos com outras candidaturas para ampliar votação, sendo vitoriosas as linhas programáticas apresentadas no primeiro turno. Ainda, haverá mais tempo para montar o governo de transição. 

Atualmente, a melhor pesquisa aponta 52% dos votos válidos para Lula. Todavia, essas pesquisas não medem o índice de abstenção. Desde 2006, esses índices cresceram, chegando aos maiores patamares em 2018. Os fatores, em resumo, são três: descrença no sistema político, multa simbólica de menos de R$ 4,00 e aumento de pessoas que vivem em estado diferente do seu domicilio eleitoral. Porém, a tensão política pode ajudar a estancar este aumento de abstenção, pois as pessoas participam mais num ambiente político “polarizado”.

Ao se olhar para 2018 e outras eleições percebe-se que a abstenção é maior em pessoas de mais baixa renda, grupo em que Bolsonaro é derrotado com folga no primeiro turno. Assim, parte das intenções de voto podem não se confirmar nas urnas devido às abstenções maiores da candidatura do campo democrático-popular.

Faltando dois dias para as eleições, restam-nos três movimentos: 1 – estimular a ida às urnas de quem vai “de Lula” no primeiro turno; 2 – trabalhar com os que são considerados pelas pesquisas “indecisos”; 3 – trabalhar o voto útil em Lula.

Atualmente, as candidaturas fora do eixo Lula x Bolsonaro giram em torno de 13/15%. Fazer o debate político-programático com essas pessoas, acerca da importância de vencer no primeiro turno trará melhores condições para a vitória. Se Ciro Gomes e Simone Tebet mantiverem 8% e 5%, respectivamente, dificilmente levaremos no primeiro turno.

Temos dois dias! Tem dias que valem anos! É arregaçar as mangas e conversar com todos a nossa volta; uma campanha massificada de vira voto é o melhor que temos a fazer neste curto período.

*Thiago Duarte Gonçalves é membro do Movimento Brasil Popular.

**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.