NOVOS BAIANOS

Galvão, o poeta dos Novos Baianos e seu legado, por José Virgílio Leal de Figueiredo

O autor de importantes letras do grupo passa por dificuldades; através do Bazar do Poeta Galvão, fãs e interessados podem adquirir relíquias autografadas pelo poeta

O reencontro dos Novos Baianos; Galvão é o segundo, da esquerda pra direita.Créditos: Dario-Zalis/Divulgação
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Por José Virgílio Leal de Figueiredo*

Vivemos tempos estranhos. De pós-verdade, fake news, de parte da imprensa desacreditada. No meio desse caldeirão de obstáculos para sabermos o que é verdadeiro, de tentativas de revisionismos históricos absurdos, e quando a literatura parece perder espaços para vídeos de poucos minutos que não aprofundam absolutamente nada, é preciso agir. Quem tem a mínima condição de jogar luz nossa história cultural precisa ocupar os espaços. Abro este artigo assim para celebrarmos um dos maiores poetas da música popular brasileira: Luiz Dias Galvão.

Natural de Juazeiro, na Bahia, logo se mudou para Salvador. Foi na capital do estado que conheceu Moraes Moreira e Paulinho Boca de Cantor, e criou o lendário grupo Novos Baianos, em 1968. Desde a adolescência conhecia outra lenda da MPB, João Gilberto: foi essa relação que permitiu que os Novos Baianos fossem para o Rio de Janeiro, após conceberem “É Ferro na Boneca” (1970, em São Paulo) e dessem vida ao álbum seminal “Acabou Chorare”, dois anos depois.

A influência e o legado deste disco são imensuráveis para a música brasileira: do rock à MPB, passando por gerações de artistas, foi eleito pela conhecida revista Rolling Stone o melhor disco do Brasil em todos os tempos, após eleição com 60 especialistas.

A formação clássica do conjunto contava com Moraes Moreira (compositor, vocal e violão), Baby do Brasil (vocal), Pepeu Gomes (guitarra), Paulinho Boca de Cantor (vocal), Jorginho Gomes (bateria e bandolim), Bola e Baxinho (percussão), Dadi (baixo) e Galvão (letras). Galvão, aliás, é o escritor da grande maioria das canções da banda, inclusive hits a exemplos de “Acabou Chorare”, “Preta Pretinha” e “Mistério do Planeta”.

Além de letrista de mão cheia, Galvão escreveu livros de notório reconhecimento da crítica, jamais parou de presentear o povo brasileiro com seu talento. Prestes a completar 85 anos, enfrenta problemas de saúde e uma maneira de ajudá-lo é através do Bazar do Poeta Galvão, no qual fãs e interessados podem adquirir relíquias autografadas pelo poeta. Interessados podem entrar em contato com sua esposa, Janete, pelo e-mail Poetaluizgalvao@gmail.com.

Um artista deste quilate, fundamental para que a música e a poesia no Brasil ganhassem atingissem novos rumos, merece nosso apoio e ter sua obra sempre difundida. O legado dos Novos Baianos, inclusive, é mantido pelo grupo Nossos Baianos, que reúne filhos do próprio Galvão, de Pepeu e do percussionista Bola Moraes e que mantém acessa a chama do mais influente grupo musical que o Brasil já viu.

*Presidente do Instituto Arte no Dique e amigo de Galvão.

**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Fórum.