HORA DE MUDAR

Corrupção no MEC: desrespeito à educação e ao povo brasileiro – Por José Guimarães

Brasileiros convivem com inflação nas alturas, desemprego, fome e sucessivos escândalos. Precisamos unir forças para dar o troco nas urnas em outubro

Bolsonaro com Milton Ribeiro e pastores no Ministério da Educação.Créditos: MEC
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O governo Bolsonaro transformou o Ministério da Educação em um balcão de negócios. Pastores falam em nome da fé para operar negociatas e perpetuar a corrupção que esse desgoverno não consegue esconder. A cada dia, surgem novas revelações que comprometem o ex-ministro Milton Ribeiro e evidenciam a decadência dessa gestão.

A última novidade diz respeito a áudios em que Milton admite que Bolsonaro ligou para o ex-ministro alertando sobre buscas da Polícia Federal. Mais uma prova de que o presidente interfere em investigações e, sem escrúpulos, tenta esconder debaixo do tapete evidências dos casos de corrupção que marcam a atual gestão.

Não à toa, o delegado do caso já havia alertado sobre a interferência na investigação. Trata-se de um escândalo, que só confirma o que o próprio Bolsonaro admitiu, durante a fatídica reunião ministerial de abril de 2020. Quando declarou que seria capaz de interferir na Polícia Federal para proteger os seus, Bolsonaro não estava blefando. Estava, na verdade, colocando em prática o comportamento indecoroso que sempre marcou sua atuação política.

Em análise pelo Supremo Tribunal Federal em virtude da evidente interferência de Bolsonaro, que tem foro privilegiado, a investigação precisa do reforço de uma CPI para avançar nas denúncias de prevaricação e corrupção passiva apontadas pelo Ministério Público. A organização criminosa montada em pleno MEC não pode passar ilesa pela investigação do parlamento e da Justiça.

Bolsonaro nunca foi íntegro. Seu discurso fajuto de combate à corrupção serviu apenas para se eleger e ludibriar quem acreditou em suas propostas falaciosas. São barbaridades que afetam a gestão pública e comprometem atividades de uma das principais pastas do governo federal.

A verdade é que a educação nunca foi uma prioridade para o governo que aí está. Segundo a Andifes, 88% das universidades federais têm prejuízos com o corte recente de 7,2% no orçamento anunciado pelo governo Bolsonaro. Em outras palavras, estão bloqueados R$ 1,6 bilhão, o que torna crítica a situação das autarquias.

Enquanto a corrupção corria solta nos corredores do MEC, o governo fez questão de travar R$ 434 milhões para obras em mais de 1.700 escolas. A educação também é golpeada com lances eleitoreiros, como a lei que limita o ICMS dos combustíveis. Bolsonaro esvazia a fonte que garante recursos para o ensino nos estados para agradar sua claque. Misto de maldade com desespero em ganhar voto a qualquer custo.

Espera-se, com o avançar das investigações, que Bolsonaro, Milton e todos os pastores envolvidos sejam devidamente investigados e punidos de acordo com a lei. O povo brasileiro não merece tamanho desrespeito. Brasileiros convivem com inflação nas alturas, desemprego, fome e sucessivos escândalos. Precisamos unir forças para dar o troco nas urnas em outubro. Só conseguiremos ter esperança no amanhã retirando Bolsonaro e sua corja do poder.

*José Guimarães é deputado federal e vice-presidente nacional do PT.

**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Fórum.