Faltam menos de 200 dias para irmos às urnas e a experiência ensina que não existe eleição ganha de véspera. Entretanto, todas as pesquisas apontam, desde meados de 2021, que o ex-presidente Lula é o grande favorito para ser eleito em outubro. Mais do que isso, todos os institutos mostram que o pré-candidato do Partido dos Trabalhadores tem boas chances de vencer o pleito já no primeiro turno.
O levantamento divulgado pelo Datafolha na quinta-feira (24) mostra que Lula tem, considerando apenas os votos válidos, 47,8% da preferência do eleitorado, enquanto todos os seus adversários somados alcançam 52,2%. Uma oscilação de apenas 2,2% a favor do petista – ou em desfavor de Bolsonaro, por exemplo – pode consagrar Lula já no dia 2 de outubro.
Três elementos podem contribuir para a consagração de Lula, que precisou de dois turnos para ser eleito em 2002 e reeleito em 2006: a militância do PT, a juventude e as mulheres. A militância petista já mostrou ao longo da história que é a maior força política do Brasil em momentos eleitorais. E nos segmentos da juventude e das mulheres, a liderança de Lula em relação aos adversários é enorme e pode crescer ainda mais.
Entre jovens de 16 a 24 anos, de acordo com uma pesquisa da FSB Comunicação, Lula é o preferido de 54%, enquanto Bolsonaro tem apenas 19%. Considerando votos válidos, a diferença é gigantesca: 58,1% contra 41,9%. No eleitorado feminino, a vantagem do ex-presidente também é enorme: 44% frente a 23% de Bolsonaro. Levando em conta os votos válidos, Lula chega perto da maioria absoluta da população feminina: 48,3%, contra 51,7% de todos os outros candidatos na disputa.
Enfatizo o que disse no título do artigo: ninguém ganha eleição de véspera. Mas reitero que, seja no primeiro ou no segundo turno, o Brasil precisa frear a destruição promovida pelo governo Bolsonaro e por aqueles que derrubaram Dilma Rousseff em 2016.
O desafio é grande e os nossos adversários não são apenas os demais candidatos nas urnas. Enfrentamos Rede Globo e a quase totalidade da grande mídia, o poder financeiro representado pelos bilionários da FIESP e outras entidades que ajudaram a promover o golpe de 2016, além de amplos setores do Judiciário e do Ministério Público que deram sustentação à máfia que foi a Lava Jato, responsável não apenas pela prisão ilegal e injusta de Lula, mas também pela destruição da economia nacional, através da quebra de vários setores da indústria que eram responsáveis pela geração de milhões de empregos e bilhões de reais em arrecadação de impostos.
Sonhar com um Brasil justo e digno para todos é o primeiro passo para superar o desafio de recuperar esse país devastado pelo projeto neoliberal.
*Alencar Santana Braga é advogado e deputado federal (PT-SP), líder da Minoria na Câmara dos Deputados e foi vereador em Guarulhos, além de deputado estadual, sempre pelo PT.
**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.