Rivalidades futebolísticas à parte, que são saudáveis e trazem alegria aos estádios, é hora de os brasileiros torcerem pela Argentina na final da Copa contra a França, neste domingo. Ambas as seleções jogam um futebol espetacular. Não temos nada contra a França em particular, mas o momento é de irmandade sul-americana. É a hora de torcer pela Argentina, representante de Nuestra América, da escola da América do Sul que já revelou craques como Pelé e Maradona e conta hoje com o fenomenal Messi. A Argentina, parafraseando um escritor brasileiro, será a América Latina de chuteiras no domingo.
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A evolução da equipe argentina na atual Copa do Mundo, com Messi e vários jogadores novatos que vão trazer nos próximos anos muitas alegrias aos seus torcedores, encheu os olhos de quem ama o futebol. Aplicação tática, dribles, gingas, empenho, disciplina, amor à camisa e uma torcida fabulosa. Um exemplo para outras seleções nacionais, inclusive a brasileira.
Orgulha-nos ver os nossos vizinhos em mais uma final de Copa, na perspectiva de serem tricampeões do mundo. No domingo, o desafio da Argentina é quebrar a hegemonia europeia dos últimos 20 anos. Uma vitória argentina vai trazer alegria para todos os latino-americanos, em especial para o povo argentino.
Além de uma vitória da América Latina, o título argentino seria uma justiça à carreira impecável de Lionel Messi, um dos maiores da história e que merece ganhar um mundial. Dois anos após a partida física de Maradona, ídolo dos argentinos e dos amantes de futebol de todo o mundo, o título seria ainda mais simbólico.
Somos vizinhos, temos cultura semelhante e desde 1991, com a instituição do Mercosul, estamos unidos num processo de integração arrojado que inicialmente incluiu também Uruguai e Paraguai e hoje se estendeu a outros países do subcontinente. O Mercosul, como projeto histórico, suplantou barreiras culturais, econômicas e comerciais e também animosidades antes existentes, especialmente devido ao desconhecimento mútuo dos países integrantes do bloco.
Quem sabe um dia tenhamos uma seleção do Mercosul para competir com uma da União Europeia, onde hoje se joga o futebol mais profissional do planeta. A junção dos craques argentinos com os brasileiros, por exemplo, daria um time imbatível!
Por falar em craques, com Lula de volta à Presidência do Brasil, temos novamente um governante comprometido com o desenvolvimento do continente e um fã do bom futebol. Certamente, irá desfrutar a grande final. Ele já anunciou que uma das prioridades de seu governo é estreitar o relacionamento com a Argentina, país que será visitado por ele o mais breve possível.
A decisão de domingo no Catar suscita também um sentimento de identidade sul-americana, a vontade de torcer por uma região que foi colonizada pelos europeus, inclusive a França. Nossos destinos, do Brasil e Argentina, são comuns, e o futebol nos une mais do que nunca agora. Usando outra paráfrase, do compositor brasileiro Belchior, "Um tango argentino me vai bem melhor que uns bleus". Que vença a seleção Argentina!
*Reginaldo Lopes é economista, deputado federal (Minas Gerais) e líder da Bancada do PT na Câmara dos Deputados.