Por Virginia Berriel *
O Brasil assistiu, estarrecido, nesse 7 de setembro, mais um triste episódio contra a democracia. Uma tentativa de golpe do governo federal. Um governo isolado e desesperado que tenta impor, à força, a sua vontade. Ele é totalmente contra a democracia e a Constituição. Não tem nenhum limite a sua tamanha ignorância.
Os ataques e as ameaças ao estado democrático de direito são uma afronta ao Brasil e aos brasileiros. Bolsonaro atenta contra a independência dos poderes e tenta, desesperadamente, impor o caos. Não respeita as entidades, ameaça, ataca e incita, além do ódio, o caos e a barbárie quando mente, manipula e vilipendia a ordem constitucional.
Os atos antidemocráticos são um atentado à democracia. O perfil dos seguidores do presidente demonstra a face mais perversa da arrogância e ignorância. Como podem falar em democracia pedindo intervenção militar e a destituição dos ministros do STF? A bem da verdade eles são poucos, não representam mais que 12% da população. A maioria da população é contra todos os atentados que Bolsonaro está cometendo e pode, efetivamente, responder por crimes de responsabilidade.
A tensão institucional marcou o 7 de setembro e a relação entre o governo e o Poder Judiciário. O governo solta mais um blefe. Em seu discurso aos manifestantes bolsonaristas, em Brasília, disse que ia reunir-se com o Conselho da República para debater questões como intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio com os demais poderes, sem, contudo, ter consultado os poderes, principalmente o ministro presidente do STF. Isso só demonstra o quanto está desesperado.
Em todas as manifestações antidemocráticas os apoiadores de Bolsonaro pediram “Intervenção Militar”, “Fechamento do Congresso e do STF”, “Prisão e cassação dos Ministros do STF”, “Golpe Militar com Bolsonaro no governo”. Ataques que ultrapassaram qualquer razoabilidade e os princípios básicos do estado democrático de direito.
Democracia ameaçada
A democracia grita porque a ordem constitucional foi atacada e não pode ficar por isso mesmo, como se nada tivesse acontecido ou como se o governo pudesse tudo. Pesam sobre este cidadão mais de 200 pedidos de impeachment. Esperamos agora respostas e ação dos poderes, dos presidentes da Câmara e do Senado e, principalmente, do STF.
As ameaças nos atos antidemocráticos demonstram um governo totalmente falido, que “não governa”, que está levando o país ao caos. Há 2 meses Bolsonaro viaja, faz as motociatas, torra dinheiro público e organiza manifestações. Nesse 7 de Setembro, como fazem há quase três décadas, os partidos de esquerda, as centrais sindicais e os movimentos sociais não se intimidaram, foram à luta e também organizaram atos em todos os estados e principais municípios. Defenderam a democracia, vacina para todos, os direitos trabalhistas, emprego digno e decente e, principalmente, comida no prato para os mais de 19 milhões de brasileiros que estão passando fome. Luta contra as privatizações, contra o aumento da gasolina e botijão de gás, da energia elétrica e cesta básica. Um exemplo a luta pela dignidade humana que a maioria dos brasileiros defendem.
O Brasil não merece esse governo. Os brasileiros não merecem tanto descaso, ele tem desprezo pelo povo e pelos trabalhadores. É corrupto, mente e age em desarmonia. Bolsonaro nunca governou, nunca apresentou sequer um projeto político para geração de emprego e renda ou em defesa da Saúde, Educação e Meio Ambiente. Pelo contrário, se ainda se mantém no poder é porque defende o capital, os empresários, os banqueiros e tem uma agenda de privatizações e destruição da soberania nacional que é de interesse do empresariado e dos agromesquinhos.
Um governo à beira do caos quer esconder sua responsabilidade nas quase 600 mil mortes pela Covid-19, inflação galopante, desemprego, miséria e fome sem precedentes em nossa história. Com suas bravatas pretende intimidar e tirar o foco da CPI da Pandemia e de todas as denúncias que pesam contra seu governo.
O Grito da Democracia e daqueles que foram excluídos há de ecoar e derrubar o traidor golpista. A esperança sorri e escreve a nossa história.
*Virginia Berriel é jornalista, faz parte da Executiva Nacional da CUT, da Direção do Sinttel Rio e da direção do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro.
**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.