Por Fernando Horta, no Twitter
E sobre a facada? Diz a Folha em letras garrafais que é Teoria da Conspiração. Porém, de que Teoria ela está falando? Daquela que diz que a facada pode ter sido organizada pelo próprio campo bolsonarista? Por que seria "teoria da conspiração"?
Em 1º de setembro de 1939 a Alemanha nazista invadiu a Polônia dando início à segunda guerra. A Alemanha declarou que havia sido invadida por poloneses e mostrou os "invasores" uniformizados para "provar". Depois se comprovou que havia sido um "false flag attack".
Alemães vestiram-se com uniformes poloneses e realizaram a ação para induzir uma determinada tomada de decisão em outros agentes ou para legitimar as suas. Portanto, este tipo de atitude (semelhante à teoria da facada) não é nova e tem vários exemplos na história.
Mas e no Brasil? Será que esta técnica de criar factoides para induzir comportamentos no nosso país é nova? Não. Só para ficar no século XX, em 1937, o então capitão do exército Olímpio Mourão Filho criava um "plano" supostamente da URSS para invadir o Brasil. O plano Cohen.
Como vocês podem ver, o plano falso - criado por um militar de extrema direita - foi encampado pela imprensa e foi usado por Vargas para "justificar" o golpe que criou o Estado Novo. Novamente, a técnica não parece nova.
Mas, alguém pode argumentar, os tempos são outros e hoje ninguém faria isso. Muito menos o Exército. Errado de novo.
Em 30 de abril de 1980, os militares programar explodir uma bomba num show de Rock que se dava no RioCentro e colocariam a culpa na esquerda para "fechar" o regime.
A bomba explodiu no colo dos militares que iriam fazer o "plot", matando um deles. Os planos foram descobertos e - com a ajuda da imprensa - abafados. Incluindo aí a colocação na reserva (!!!!) alguns militares que dele tinham participado.
Como vemos, não é um expediente novo. Mas e Bolsonaro? Ele nunca participaria de algo assim. De novo, errado.
Em 4 de novembro de 1987 o então capitão Jair Messias Bolsonaro, montou um plano para explodir bombas nas adutoras de água de vilas militares. Não fica claro em quem seria colocada a culpa, mas a Veja mostrou.
Num grande "acordão" do STM, com tudo, o capitão Bolsonaro foi colocado na reserva sem desonra na ficha para que ficasse calado. Mesmo com a oposição de vários militares, incluindo generais que escreveram na sua ficha funcional que Bolsonaro era "incompatível com o exército".
Mas, a Folha pode argumentar, esses expedientes não aconteceriam hoje. O Brasil final dos anos 80 é diferente dos dias de hoje. De novo, errado. Em 14 de setembro de 2021 Léo Pinheiro denuncia que a delação usada pela Lava a Jato e por Moro para prender Lula foi fraudada.
Obtida por meio de tortura e APLAUDIDA por toda a imprensa, o documento foi a base da manipulação da informação com objetivos políticos levada a cabo por TODA a imprensa brasileira, incluindo aí a Folha.
Por que, senhoras e senhores, quando temos um presidente que faz da mentira a sua forma de política é proibido pensar que um episódio mal explicado da história brasileira não pode ser revisitado por jornalistas investigativos como o Joaquim e o Attuch? O que incomoda?
Não seria algo novo na história do mundo. Não seria algo novo na história do Brasil. Não seria algo novo na história do exército brasileiro e não seria algo novo na própria biografia do capitão fascista.
Aqui, minhas considerações sobre o tema.
**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.