Por Juliana Cardoso
A chegada de Paulo Freire nesta terra, completa hoje 100 anos. E sua principal obra, “Pedagogia do Oprimido”, lançada em 1972, durante a ditadura militar, continua sendo referência internacional.
Em 2016, a versão em inglês do livro foi a terceira obra mais citada nas escolas de ciências sociais mundo afora.
O povo pobre do Brasil foi sua inspiração, mas a obra freiriana, assim como as amarras dos opressores, não tem fronteiras.
Paulo Freire acreditava que a libertação dos povos oprimidos só será possível através da educação.
Por essa razão, Paulo Freire é tão atacado pelo atual governo, apoiado por uma elite endinheirada, porém pobre de conhecimento. Uma elite cúmplice das mais de 590 mil mortes causadas pela negação da ciência. E cúmplice também de outro crime: a tentativa de apagamento da memória e da obra de Paulo Freire.
Mas o legado do professor Paulo Freire é indestrutível.
Freire revolucionou a educação popular com as campanhas de alfabetização nos círculos de Cultura, no início dos anos 60. Por isso, foi exilado durante o Regime Militar, mas, liberto pelo conhecimento do qual era guardião, apesar de caçado pela Ditadura brasileira, levou seus projetos para várias partes do mundo. E ao retornar para o Brasil, no processo de redemocratização, continuou sua obra no país.
Em 1989, assumiu a Secretaria Municipal de Educação em São Paulo, na primeira administração eleita pelo PT nesta cidade.
Contribuiu para a criação da carreira do magistério no município, estimulou o Estudo da Realidade Local pelas equipes escolares, sua premissa na alfabetização de crianças, adolescentes e adultos. Incentivou a gestão escolar democrática, e a prática constante do diálogo entre todos os segmentos da comunidade. Defendeu a horizontalização das relações pedagógicas, e desmascarou a farsa da neutralidade da educação.
Mais de trinta anos da passagem da prática freiriana nas escolas paulistanas, sua obra permanece viva na resistência de educadoras e educadores de todas as gerações, dentro da rede pública, nos coletivos populares das periferias, nos núcleos do MOVA aqui da Capital, mas também, nas escolas dos assentamentos do Movimento Sem Terra (MST).
Sob sua inspiração, travamos novamente uma dramática luta pela Democracia. Lutamos diariamente contra a privatização do Ensino, contra a política de mercantilização da Educação, contra a opressão de uma elite que sustenta o governo, e este, se nega à vacinar jovens, apesar da ciência.
Por tudo isso, mais do que nunca, e apesar deles, continuaremos, no mundo, lendo, ouvindo e seguindo os passos de Paulo Freire, educando para libertar.
Viva o Centenário de Paulo Freire!
**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.