Por André Graciano *
Acaba de sair os dados de inscritos no ENEM 2021, pasmem assim como eu, somente 4 milhões de jovens-estudantes fizeram a inscrição do ENEM. Sim, no Brasil de coturnos, centrão, extrema direita e uma elite que carrega em seu DNA o complexo de vira-lata, essa é infelizmente a nossa realidade. Sabendo que também será o nosso futuro.
Neste sentido, fico a pensar se este país deve almejar ser emergente ou desenvolvido? Podemos imaginar qualquer área de desenvolvimento, seja ela: tecnológico, social, político, meio ambiente ou econômico. Qualquer uma delas, olhando a partir de uma dimensão de médio e longo prazo, estes números são assustadores. O que espera a famosa “classe dirigente” quando se depara com essa realidade? Qual perspectiva de futuro nossos jovens podem esperar de um país que apresenta essa humilhante taxa de inscritos no seu maior exame seletivo?
Pensar a inclusão educacional no ensino superior é definitivamente pensar a capacidade de retirar da fome, da miséria, da exclusão, da opressão, do abandono, do feminicídio, do machismo e toda a forma de homofobia uma juventude marginalizada historicamente. Possibilitando que estes sujeitos sociais, possam construir uma perspectiva inclusiva de futuro, passando por uma nação soberana e justa.
Embora antes de continuar, gostaria de fazer uma reflexão: A burguesia deste país acredita representar e pertencer a uma nação? Pois, a nação que eu acredito pertencer e representar, está respaldada em sentimentos sólidos de povo, ancorada em uma ancestralidade cultural e linguística. Essa nação é conhecida como: nação nordestina. Entendo que para essa nação, esses números não representam nenhuma perspectiva de futuro. Representam sim, a marginalidade e o abandono do Estado.
Aos nossos olhos o mundo se desenvolve a partir da tecnologia, em diferentes áreas do conhecimento. Diferentes nações estão focadas nesse momento em colonizar o universo, traçando o que considero ser uma nova diáspora planetária. A burguesia deste país, oprime o futuro de milhões dos nossos jovens-estudantes. Para continuar alimentando o seu ódio de classe, diante de uma realidade que nem ela consegue suportar, mas financia e avaliza. Sim, vivemos em uma país em que a burguesia deve ser nomeada a partir de Jessé Souza uma verdadeira “elite do atraso”.
Aos jovens estudantes que conseguiram fazer a inscrição, deposito em vocês a esperança de conquistar uma vaga na universidade. Seja pelo Prouni, seja pelo FIES, seja pelas Cotas, seja através do ENEM ou seja pela simples vontade de mudar o mundo. Pois, é através de vocês que iremos derrotar essa burguesia com sua piscina cheia de ratos.
*André Graciano é mestre em Educação pela UFPE.
**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.