Por que Estadão e O Globo calaram sobre manifestações contra o genocídio? – Por Normando Rodrigues

Os livros de História registrarão que parte da dita "grande imprensa" se juntou àquele tipo de fascista capaz de protestar na frente dos hospitais, enquanto meio milhão de brasileiros morriam

Capas de O Globo e o Estadão - Foto: Reprodução
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Por Normando Rodrigues *

“Toda e qualquer vacina está descartada!”

... disse Bolsonaro em 21/10/20, sobre 155 mil cadáveres, total que já triplicou.

Os números revelam a intencionalidade genocida, como mostra a estimativa do prof. Pedro Hallal, da Universidade Federal de Pelotas.

A recusa da vacina da Pfizer determinou a morte de 14 mil brasileiros, podendo o total ter variado entre 5 e 25 mil mortos.

Rebanho

Mas ao usar a Bic contra o Butantan, o Mito matou entre 80 e 82,7 mil pessoas, ou segundo “O Estado de São Paulo” perto de 90 mil almas, apenas por consequência do “não” à CoronaVac.

A jornalista Vanessa Bárbara desvendou a lógica do genocida num cálculo simples. Bolsonaro ainda busca a “imunidade de rebanho”, que “seria alcançada” com 70% da população infectada: 148 milhões de viventes.

A este total Vanessa aplicou uma taxa de mortalidade moderada, de 1%, mas este percentual é hoje de 2,8% (dado do Ministério da Saúde, em 31/5/21).

4,14 Milhões de mortos

Números precisam de tradução. Quando Carla Zambelli discursou que o fim das aulas presenciais impediu a “imunidade de rebanho” das crianças, o que ela quis dizer é que pelo menos UMA em cada 50 crianças (2,8%) deveria morrer para “imunizar” as outras 49.

Ao tratar a população rigorosamente como gado, Bolsonaro e suas lideranças trabalham para a morte de 4,14 milhões de homens, mulheres e crianças, preferencialmente pobres e negros.

Essa é a razão do delivery moto-vírus, da sabotagem ao isolamento social, de não haver testagem e rastreamento, dos seguidos ataques ao uso de máscara, e de se trazer a Copa América: fazer um “mata-mata” histórico.

Risca no chão

A guerra contra o povo é resultado natural da ideologia de Bolsonaro. Mas há quem esqueça que o fascismo é inconciliável com a razão e com a política. Prefire se juntar a quem mata.

Foi o que fizeram os já citados “Estadão” e “O Globo”, no domingo, 30 de maio. Sem meios-termos nem eufemismos, esses jornais optaram por Bolsonaro e pelas mortes, ao não divulgar as manifestações de sábado.

Cúmplices

O senador Ciro Nogueira (PP/PI) explicou o silêncio dos jornais: Bolsonaro é mais atraente ao “centro” (“direita”). Atração “temperada” pela previsão de 5,5% para o PIB deste ano e pelo favoritismo dentre os que se vacinam nos EUA.

Os livros de História registrarão que “O Globo” e “O Estado de São Paulo” se juntaram àquele tipo de fascista capaz de protestar na frente dos hospitais, enquanto meio milhão de brasileiros morriam.

*Jorge Normando Rodrigues é assessor jurídico do Sindipetro-NF e da FUP.

**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.