Por Maria do Rosário *
Caro presidente Lula,
O que mais quero lhe dar, hoje, é um abraço. Um abraço neste dia em que se completam três anos de sua prisão injusta e absurda. Como bem falaste em teus últimos pronunciamentos, os tempos não permitem que se exalte rancor ou que se alimente sentimento de vingança sobre toda a injustiça cometida contra você e sua família, durante o processo de persecução.
O motivo deste meu abraço é pra celebrar a frase que disseste naquele dia tão duro, em São Bernardo, enquanto eu te assistia de perto, com milhares de pessoas que lá foram para protestar contra aquela injustiça: “os poderosos jamais deterão a chegada da primavera”.
Esta mensagem é sobre nossos sonhos para o Brasil.
O povo brasileiro vive hoje uma das fases mais árduas e tristes que o nosso país já viu. Milhares de famílias, mães, pais, filhos e irmãos são penalizados pelos efeitos da pandemia. A fome voltou a ter assento à mesa das brasileiras e brasileiros. A pandemia, somada ao desgoverno de Bolsonaro, joga o país ao desalento. Aquela tradicional confraternização com a família e com amigos, por ora, nos é negada. E infelizmente, nos impõem os altíssimos preços no mercado. A gasolina e o gás de cozinha, que impactam a vida de qualquer pessoa, passaram a ser artigo de luxo, vendidos a preços exorbitantes.
Mesmo com este quadro grave, em todo o Brasil, pessoas se mobilizam por causas humanitárias, estendendo a mão aos que mais precisam. Na ausência de um governo eficiente, a solidariedade prevalece.
Por isso, Lula, escrevo-lhe para falar de esperança.
Nosso calendário se encontra parado no tempo, naquele fatídico sábado, 7 de abril, em que o Brasil assistiu tua saída do sindicato dos metalúrgicos rumo a Curitiba. Talvez ele, o calendário, tenha voltado nos anos, já que vemos a volta da fome e da miséria. O Brasil não quer isso, mas quer de volta o tempo perdido. O tempo de fartura e de alegria. Do respeito e do carinho pelo povo. Do pleno emprego e dos direitos. Do desenvolvimento, mas dos direitos humanos. Da justiça social.
Ressaltar a esperança nesta data tão simbólica é resgatar o sentido da vida para muitas pessoas que, assim como eu, acreditam que existe um futuro brilhante para nosso país e que o curso de nossa grandeza precisa ser resgatado.
Assim como eles, acredito que este futuro parece se aproximar cada vez mais. Por isso, continue firme, como sempre. Siga tua luta, que é nossa luta também. Por justiça, trabalho, oportunidades, alimento. Com a mesma vontade de sempre, afinal:
“Não dá para apagar o sol, não dá para parar o tempo, não dá para contar estrelas que brilham no firmamento, não dá para parar um rio quando ele corre pro mar, não dá para calar o Brasil quando ele quer cantar.”
Com um abraço de sua amiga,
Maria do Rosário
*Maria do Rosário é mestre em Educação e doutora em Ciência Política pela UFRGS; deputada federal (PT-RS) e integrante da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados.
**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.