O melhor remédio para o Brasil é a vacina – Por José Guimarães

Não há mudança ministerial que resolva os problemas causados pelo Messias genocida. Só no Ministério da Saúde já foram quatro tentativas. Não é possível existir um padrão de gestão pública com esse caos governamental.

Foto: Prefeitura Municipal de Sorocaba.
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Por José Guimarães *

O Brasil responde por um terço das mortes por Covid-19 no mundo. Isso quer dizer que, a cada 100 mortes diárias no planeta, 33 ocorrem aqui. Sem a previsão de vacinação em massa, o cenário é desesperador. Quanto maior a circulação do vírus, maior a chance de mutação. A equação é de simples entendimento, mas não causa o mínimo de espanto no brasileiro que deveria estar mais preocupado com a pandemia neste momento: Jair Bolsonaro.

Como representante maior de 210 milhões de cidadãos, o presidente deveria ser o mais interessado em mitigar os efeitos da Covid-19 em nosso país, mas ele trabalha no sentido contrário: favorece o contágio e aumenta as chances de novas variantes do coronavírus. Já promoveu aglomerações, andou por aí sem máscara, comprou cloroquina superfaturada e usufruiu de férias milionárias bancadas com dinheiro público, enquanto milhares morriam em UTIs pelo Brasil.

Bolsonaro teve a chance de comprar vacinas quando havia um alto estoque de imunizantes, mas preferiu aderir ao negacionismo. Recusou a oferta de 70 milhões de doses da Pfizer e pouco se importou em financiar as pesquisas em curso nas universidades. Nicolás Maduro, presidente da vizinha Venezuela, está certíssimo ao defender que a variante brasileira do novo coronavírus deveria se chamar “Bolsonaro”.

A comparação ganha força quando se verifica que o presidente não tomou nenhuma medida defendida pela ciência para atenuar os efeitos da pandemia. Um ano após o início da maior crise sanitária da História, o cenário está ainda pior. Recordes diários de mortes revelam o descaso com a saúde pública e a falta de humanidade que não se espera de um líder. Não houve sequer o interesse em coordenar as ações de combate ao vírus, mas sobrou tempo para criticar o lockdown defendido pela ciência.

Já são mais de 330 mil mortos. As projeções indicam que chegaremos a meio milhão de óbitos até maio. Em todo o país, as UTIs estão colapsadas e a vacinação segue em ritmo lento, com apenas 2% da população imunizada com as duas doses. Ainda assim, Bolsonaro promove bravatas contra governadores que adotam medidas restritivas e insiste no ineficaz tratamento precoce como solução para a crise. O genocídio é a grande bandeira desse governo! Do jeito que está, pessoas continuarão morrendo aos montes e a economia vai continuar ladeira abaixo.

Os comércios estão fechados porque os governadores têm compromisso com a vida, e não por perseguição ao presidente. Francamente, quais gestores manchariam a relação com os empresários e a população que depende dos seus empregos? O lockdown é necessário porque Bolsonaro não acredita na ciência e não comprou vacinas suficientes quando havia oferta! Negacionista, o presidente fez o caminho contrário das grandes nações e, hoje, somos obrigados a lidar com a pandemia em descontrole no nosso país.

Em março, a Covid-19 já matou mais no Brasil do que na pandemia inteira em 109 países juntos. Não à toa, tornamo-nos pária internacional. Atualmente, dos países vizinhos, apenas o Paraguai mantém suas fronteiras terrestres abertas para nós. Temerosos com a letalidade e o alto poder de transmissão da variante brasileira, as nações estão nos deixando cada vez mais isolados como uma forma de proteger seus cidadãos. Não bastasse o legado desastroso do ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, ser brasileiro torna a relação com outros países perigosa e letal.

Em um cenário tão caótico e sem perspectivas, os brasileiros ainda precisam lidar com a ausência de políticas sociais que protegem os mais vulneráveis. O mísero auxílio emergencial que começa a ser pago nesta terça-feira (6) compra menos de um terço dos alimentos de uma cesta básica. Além de beneficiar um número menor de pessoas, a dupla Bolsonaro e Guedes condena a população à miséria ao não permitir a soma da quantia com o Bolsa Família.

Em um país com mais de 14 milhões de desempregados, a letargia do governo em garantir uma renda básica universal joga o Brasil novamente no mapa da miséria. Ano passado, 19 milhões de brasileiros foram atingidos pela fome por causa da pandemia. Essa é uma parcela dos 116,8 milhões de cidadãos que conviveram com algum grau de insegurança alimentar, cerca de 55,2% dos domicílios. Mais da metade dos lares!

Lá fora, o governo dos Estados Unidos aprovou um pacote de US$ 1,9 trilhão para estimular a economia. A maior parte dos americanos terá direito a um auxílio de US$ 1.400 e US$ 300 de auxílio-desemprego semanal. Por aqui, o auxílio vai variar entre R$ 150 e R$ 375. Com inflação nas alturas, Bolsonaro e Guedes debocham dos brasileiros. Mulheres e homens terão de operar um verdadeiro milagre para sobreviver com tão pouco em um país onde o botijão de gás chega a R$ 100 e o quilo da carne passa dos R$ 40.

Não há mudança ministerial que resolva os problemas causados pelo Messias genocida. Só no Ministério da Saúde já foram quatro tentativas. Não é possível existir um padrão de gestão pública com esse caos governamental. A crise brasileira tem nome e DNA: ela se chama Jair Bolsonaro. A população não pode aceitar calada o genocídio patrocinado pelo governo federal. Precisamos unir forças e pressionar parlamentares pelo Fora Bolsonaro.

O povo precisa de vacinas, renda e comida na mesa. O presidente já deu provas suficientes de que não tem capacidade de garantir o básico para garantir o direito à vida.

*José Guimarães é deputado federal, vice-presidente nacional do PT e líder da Minoria na Câmara.

**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.