Por Jorge Normando Rodrigues *
Terror
Se é verdade que a vida tem lado, a morte também tem.
Bolsonaro é a expressão maior do lado da morte. Prometeu a morte, enquanto candidato, e governa tendo a morte por orientação. Semeia, colhe e festeja a morte.
O nome dessa necropolítica é fascismo, monstruosidade que se multiplica em meio ao terror que causa. É preciso resistir ao medo e ler sua história, para aprender a combater a morte.
Fascismo
Bolsonaro sequestra a sociedade por meio de bravatas. De quarteladas a assassinatos políticos, passando pela perseguição a intelectuais e a agentes do estado, todo um arsenal de ameaças é cotidianamente empregado.
O modo de Bolsonaro é o mesmo de Mussolini, que manteve a Itália refém da violência política nos meses que antecederam o início de seu governo, em 1922, e dali até quando a ditadura fascista foi instaurada, em 1926.
Como um brigão de escola, a cada episódio tolerado o estúpido dilata seu espaço de atuação e miniaturiza a institucionalidade que o deveria reprimir, o que faz lembrar o conto de estreia do obrigatório Julio Cortázar.
Casa tomada
Porém, o personagem Bolsonaro não pertence ao luminoso realismo fantástico. Sua especialidade confessada, “matar gente”, o classifica no gênero do “horror”. Horror de filme “c”, pois o intelecto do vilão não rende mais do que isto.
E filme de roteiro rasteiro, previsível, despido de imaginação e com vocabulário paupérrimo, nem de longe inspirado em Poe, Lovecraft ou Stephen King.
Para sorte nossa, o vilão dessa história de horror apresenta baixíssima imunidade a um significativo efeito colateral da pandemia, a “igualdade”.
Igualdade
O Sars-Cov-2 fez a igualdade sair ao sol, ainda que de máscara PFF2 e com distanciamento social. Não há outra resposta à pandemia que não seja a construção igualitária da imunidade.
E a igualdade pôs na histórica passarela da fila, a mandante que se acoberta por detrás da selvageria do vilão, nossa obscena “elite”.
Habituada à brutalidade contra minorias políticas, e moldada por uma desigualdade escravagista, a hipócrita moral brasileira concedia aos ricos o direito de ignorar a fila, no exercício e ostentação de seus privilégios. Talvez não mais.
Fila
Uma sociedade capaz de impedir o capital de furar a fila da vacinação é também capaz de confrontar o fascismo - inimigo mortal da igualdade - e de colocar um fim a seu reinado de terror.
Bolsonaro sabe disso. E exatamente por isso sabota a fila.
*Jorge Normando Rodrigues é assessor jurídico do Sindipetro-NF e da FUP.
**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.