Por Nilto Tatto *
Nas últimas duas semanas, os povos da floresta, organizações não governamentais, lideranças da sociedade civil, acadêmicos e mandatos parlamentares que estão na linha de frente da oposição ao presidente Jair Bolsonaro, entre eles o que eu tenho a honra de representar na Câmara dos Deputados, organizaram uma das manifestações mais fortes contra a política destrutiva liderada por Bolsonaro e seu ministro Ricardo Salles, que faz piada com a cara do povo brasileiro ao ocupar a pasta do Meio Ambiente para liderar um projeto que visa a exterminar as políticas de proteção ao Meio Ambiente no país.
O ato, intitulado “Emergência Amazônica – Em Defesa da Floresta e da Vida”, foi um momento importante da resistência popular e deixou um recado firme sobretudo à comunidade internacional: os defensores da Amazônia não permitirão a realização de acordos envolvendo somas bilionárias de recursos sem consultar os povos da floresta e a sociedade brasileira. A participação social precisa ser peça-chave nesse processo e Bolsonaro, apesar de ser o chefe de Estado do Brasil, não tem legitimidade para assinar autonomamente um acordo devido sua política antiambiental!
Essa movimentação surgiu a partir das notícias que circularam nas últimas semanas de que Bolsonaro e o presidente dos EUA, Joe Biden, firmariam um acordo na Cúpula do Clima, que ocorrerá nos dias 22 e 23 de abril, incluindo dotações financeiras para cumprimento de metas de interrupção do desmatamento na Amazônia e manutenção dos compromissos com a política do clima.
Diante da movimentação produzida a partir desse ato, incluindo o diálogo bilateral entre representações dos povos indígenas com deputados norte-americanos, a imprensa brasileira e internacional repercutiu o recuo do governo dos EUA em firmar qualquer acordo, ao menos por ora, na Cúpula do Clima, pois a diplomacia de Washington notou a falta de disposição em assumir compromissos reais por parte do desgoverno brasileiro.
A lição que fica dessa movimentação é poderosa e inspiradora. Vivemos tempos de desencanto, depressão e tristeza com a conjuntura desesperadora da pandemia, descontrolada no Brasil. Desde 2016, o campo progressista sofre uma série de derrotas eleitorais e políticas. Dessa vez, a mobilização inteligente das populações da floresta e do movimento ambientalista deixou nítida a força da resistência a Bolsonaro e ampliou a capacidade de articulação dos que se insurgem contra a necropolítica ambiental de Ricardo Salles.
É tempo de esperança, luta e reação! Nós não permitiremos que Bolsonaro destrua a Amazônia! Seguiremos na linha de frente da resistência e tenho certeza que outras vitórias virão!
*Nilto Tatto é deputado federal (PT-SP) e coordena a Frente Parlamentar em Defesa dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável – ODS.
**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.