Por Carlos Borges e Ricardo Berzoini *
O PT começou a fazer bem ao Brasil desde sua criação em 1980, quando nasce do seio da classe trabalhadora e dos movimentos sociais. Desde então, é um dos maiores pilares de sustentação do processo democrático no Brasil. Depois de longos anos e quatro disputas à Presidência da República, finalmente o PT, sob a liderança de Lula, consegue a vitória em 2002, acalentando um grande sonho da classe trabalhadora e dos movimentos sociais. A grande promessa de Lula em seu discurso de posse foi ter a satisfação de diminuir a pobreza no país e que as pessoas, em especial os mais pobres, pudessem ter no mínimo três refeições por dia. A partir daí, nasce o programa Fome Zero, que causa uma grande mobilização nacional de apoio ao combate à fome. Dessa mobilização, o governo Lula cria o Programa Bolsa Família, que no ano de 2003 inclui na partida entre outubro e dezembro 3,6 milhões de famílias, com um Investimento inicial de R$ 600 milhões. Vejam que não falamos em despesa, mas investimento, porque é investir nas pessoas e nas famílias. Com a evolução de inclusão das famílias ao programa, chega-se em 2015 a 14 milhões de famílias com um investimento de R$ 26.9 bilhões. Nós estamos falando de uma evolução 2,4 milhões de pessoas para 56 milhões.
O Programa Bolsa família passa a ser uma referência mundial, como um dos maiores programas de inclusão social do mundo, sendo premiado, inclusive, na ONU e em vários países.
Não bastava esse programa, tinha que focar na geração de empregos e renda. A partir dessa obsessão de Lula, há um grande investimento em infraestrutura, habitação e saneamento, tendo como instrumentos tanto as empresas estatais quanto as privadas. As empresas privadas passam a ganhar protagonismo, tanto em nível nacional quanto internacional. Com essa estratégia, há um grande combate ao desemprego no Brasil, que tinha uma taxa média cerca de 12% em 2002, chegando a atingir sua melhor performance de 5,7% em 2013, mantendo uma média entre 2003 a 2015 de 8,3%.
Hoje temos uma taxa de desemprego de 14%, com uma queda brutal da renda da classe trabalhadora, além da inflação em alta, sem perspectiva de mudança num curto espaço de tempo.
Soma-se a essas ações o maior programa de governo (e não uma operação de crédito, como é o programa Casa Verde e Amarela), o Minha Casa Minha Vida, criado em 2009, quando, durante os governos do PT, foram construídas e contratadas mais de 4,2 milhões de unidades, com um investimento de aproximadamente de R$ 295 bilhões até 2016, atendendo cerca de 16 milhões de brasileiros, com geração de 3,5 milhões de empregos diretos, que somados aos empregos indiretos, chegam a cerca de 14 milhões de pessoas que tiveram oportunidades de geração de renda.
Infelizmente, em 2019, o programa sofreu uma total desidratação, o que já vinha acontecendo desde o golpe parlamentar de 2016, quando sacaram a presidente Dilma da Presidência. A partir desse momento foi construída uma narrativa, instrumentalizada pela República de Curitiba, sob o comando do ex-juiz Sergio Moro e do procurador federal Deltan Dallagnol, contando com o apoio irrestrito da grande mídia nacional. Isso com um único objetivo, que era tirar o ex-presidente Lula da corrida presidencial de 2018. O objetivo foi atingido, mas a um custo altíssimo para o país, que foi a quebradeira de grandes empresas e destruição de empregos. Conforme estudo do DIEESE, o processo levou a 4,4 milhões de desempregados. Além disso, segundo esse estudo, houve também o impedimento de entrada de Investimentos no país de algo em torno de R$ 172 bilhões.
Hoje temos uma pandemia que acomete o mundo, com mais de 126 milhões de pessoas infectadas e de 2,7 milhões de mortes. O Brasil chega à marca de mais de 317 mil óbitos, além de mais de 13 milhões de infectados. Infelizmente temos com Bolsonaro um governante mentiroso, negacionista e genocida, que tem pacto com a morte.
Mais uma vez o Lula e o PT fazem bem ao Brasil, quando lutam pela vacinação em massa e por um auxílio emergencial de R$ 600, como na proposta aprovada com apoio do partido, da oposição e do Congresso Nacional, na sua primeira versão. Bolsonaro e Paulo Guedes queriam dar apenas R$ 200. Agora, propuseram e aprovaram a segunda versão do auxílio, que variará de R$ 150 a R$ 375.
Mais uma vez o PT e Lula fazem bem ao Brasil, quando Lula (com a justiça parcialmente feita) usa seu prestígio de grande estadista em nível mundial, juntos aos países ricos, para apelar à comunidade internacional para que ajudem não somente o Brasil, mas outros países com menos condições na vacinação. Inclusive conclamando o G20 para um encontro, com objetivo de discutir uma ação conjunta para vencer essa guerra contra um inimigo invisível, o vírus maldito.
Para finalizar, não podemos deixar de registrar os aumentos abusivos dos preços, que, por termos nossa economia praticamente atrelada ao dólar, atingimos de maneira cruel a classe média baixa e os mais pobres. O preço médio do quilo de carne em janeiro deste ano era de R$ 39,96. Em 2010, R$ 13,92 e em 2015, R$ 23,01. O gás de cozinha de 13 kg, que o Paulo Guedes disse em 2019 que seria de R$ 35,00 (mais um dos seus arroubos), teve preço médio em janeiro de 2021 de R$ 76,86. Hoje, em alguns lugares, já chega a R$ 100,00. Em 2010 era 38,20 e em 2015 R$ 48,29. O litro de gasolina teve o preço médio em no primeiro mês de 2021 de R$ 4,63. Em março já era R$ 5,60, sendo que em algumas praças ultrapassa R$ 6,00. O litro do óleo diesel teve preço médio no começo do ano de R$ 3,75. Três meses depois já bateu em R$ 4,23, valendo até R$ 4.50 em determinadas regiões.
O Brasil precisa de um líder da estatura do Lula, para que o nosso povo volte a ter orgulho de ser brasileiro novamente, tanto em território nacional quanto internacional. Não custa lembrar que o Brasil já chegou a ser a sexta economia mundial. Atualmente amargamos um décimo segundo lugar, com tendência de queda.
Precisamos de um líder que tenha a coragem de usar parte da sua reserva cambial (de cerca de US$ 350 Bilhões atualmente, mas que foi de US$ 374 Bilhões, quando o PT deixou o governo) no apoio às famílias e empresas, para aquecer a economia, frente à pandemia. Por esse motivo buscamos um aporte orçamentário junto ao Congresso Nacional. Neste caso sim devemos copiar as coisas boas do EUA, já que o governo Biden teve a coragem de aprovar, mesmo com votos contrários dos Republicanos, um aporte orçamentário de US$ 1.9 trilhão (cerca de R$ 11 trilhões) para socorrer as famílias e empresas, estimulando o aquecimento da economia norte-americana.
Apenas para registro, o ex-presidente Lula pegou do governo FHC um país com reserva cambial líquida de US$ 17 bilhões e bruta (com empréstimos do FMI) de US$ 38 bilhões. Em dezembro de 2010, este montante era de US$ 257 bilhões e, seis anos depois, quando o golpe interrompeu o segundo mandato de Dilma, já chegava a US$ 358 bilhões.
Por último, mais um registro do que Lula e o PT fazem bem ao Brasil: Depois do histórico discurso do ex-presidente, Bolsonaro começou a usar máscara, aceitou a tese que a Terra é redonda (quando usou um globo terrestre em sua live semanal) e seguiu a orientação de Lula na criação de um comitê de crise para a pandemia, delegando para o presidente do Senado a coordenação do grupo. Trabalho não é com ele, além de que, também faz parte da sua estratégia de transferir responsabilidade.
Lula e o PT fazem bem ao Brasil. Temos esperança de dias melhores. A sociedade brasileira, aos poucos, começa a sair da sua letargia.
*Carlos Borges é economista e Ricardo Berzoini é ex-deputado federal.
**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.